miércoles, 17 de marzo de 2010

Sri Sri Siksastaka

SRI SIKSASTAKA


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(1)


ceto-darpana-marjanam bhava-maha-davagni-nirvapanam

sreyah-kairava-candrika-vitaranam vidya-vadhu-jivanam

anandambudhi-vardhanam prati-padam

purnamrtasvadanam

sarvatma-snapanam param vijayate sri-krsna-sankirtanam


(2)


namnam akari bahudha nija-sarva-saktis

tatrarpita niyamitah smarane na kalah

etadrsi tava krpa bhagavan mamapi

durdaivam idrsam ihajani nanuragah


(3)


trnad api sunicena

taror api sahisnuna

amanina manadena

kirtaniyah sada harih


(4)


na dhanam na janam na sundarim

kavitam va jagad-isa kamaye

mama janmani janmanisvare

bhavatad bhaktir ahaituki tvayi


(5)


ayi nanda-tanuja kinkaram

patitam mam visame bhavambudhau

krpaya tava pada-pankaja-

sthita-dhuli-sadrsam vicintaya


(6)


nayanam galad-asru-dharaya

vadanam gadgada-ruddhaya gira

pulakair nicitam vapuh kada

tava nama-grahane bhavisyati


(7)


yugayitam nimesena

caksusa pravrsayitam

sunyayitam jagat sarvam

govinda-virahena me


(8)


aslisya va pada-ratam pinastu mam

adarsanam marma-hatam karotu va

yatha tatha va vidadhatu lampato

mat-prana-nathas tu sa eva naparah

El Señor Chaitanya Mahaprabhu instruyó a sus discípulos para que escribieran libros acerca de la ciencia de Krishna, tarea la cual, sus seguidores han llevado a cabo hasta el momento presente. Las elaboraciones y exposiciones sobre la filosofía enseñada por el Señor Chaitanya son de hecho las más voluminosas , exigentes y consistentes debido al sistema de sucesión discipular. Aunque el Señor Chaitanya fue ampliamente reconocido como un erudito en su juventud, solamente dejó ocho versos escritos llamados Siksastaka. Estos ocho versos revelan claramente su misión y preceptos. Estas valiosas oraciones están traducidas aquí.

(1) Gloria al sankirtan de Sri Krishna, que limpia el corazón de todo el polvo acumulado por años y extingue el fuego de la vida condicionada de repetidos nacimientos y muertes. Este movimiento de sankirtan es la bendición principal para toda la humanidad, pues difunde los rayos de la luna de la bendición; es la vida de todo conocimiento trascendental, aumenta el océano de la bienaventuranza trascendental, y nos capacita para saborear el néctar por el cual estamos siempre ansiosos.

(2) Oh mi Señor!, sólo tu Santo Nombre puede otorgarle toda clase de bendición a los seres vivientes, y por eso Tú tienes cientos y millones de nombres tales como Krishna y Govinda. En estos nombres trascendentales has investido todas Tus energías trascendentales, y ni siquiera hay reglas estrictas ni difíciles para cantar esos nombres. Oh mi Señor!, Tú eres tan bondadoso que nos has permitido acercarnos a Tí fácilmente mediante el canto de Tus Santos Nombres, pero yo soy tan desafortunado que no siento atracción por ellos.

(3) Uno debe cantar el santo nombre del señor en un estado mental humilde, considerándose más bajo que la hojarasca de la calle; uno debe ser más tolerante que un árbol, estar desprovisto de todo sentimiento de vanidad y estar dispuesto a ofrecer pleno respeto a los demás. En tal estado mental uno puede cantar el Santo Nombre del Señor constantemente.

(4) Oh Señor todopoderoso!, no tengo ningún deseo de acumular riquezas, ni tampoco deseo bellas mujeres, ni quiero ninguna cantidad de seguidores. Lo único que quiero es Tú servicio devocional sin causa nacimiento tras nacimiento.

(5) Oh hijo de Maharaja Nanda (Krishna), yo soy Tu siervo eterno, pero, de una manera u otra he caído en el océano del nacimiento y de la muerte. Por favor, sácame de este océano de muerte y colócame como uno de los átomos de Tus pies de loto.

(6) Oh mi Señor!, cuándo se adornarán mis ojos con lágrimas de amor fluyendo constantemente al cantar Tu santo nombre? Cuándo se me ahogará la voz y se erizarán los vellos de mi cuerpo al recitar Tu nombre?

(7) Oh Govinda!, sintiendo Tu separación considero que un momento es como doce años o más. Lágrimas fluyen de mis ojos como torrentes de lluvia y en Tu ausencia me siento completamente solo en el mundo.

(8) No reconozco a nadie más que a Krishna como Mi señor, y El lo seguirá siendo aunque me maltrate con su abrazo o me destroze el corazón al no estar presente ante mi, El es completamente libre de hacer todo lo que quiera conmigo pues El es siempre mi señor adorable sin ninguna condición.


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Sri Sri Siksastaka

“O Senhor Caitanya Mahaprabhu instruiu Seus discípulos a escrevem livros sobre a ciência de Krsna, uma tarefa que Seus seguidores continuam a realizar até os dias atuais. As elaborações e exposições sobre a filosofia ensinada pelo Senhor Caitanya são, de fato, as mais volumosas, exatas e consistentes – isto devido ao sistema de sucessão discipular. Embora fosse amplamente conhecido como um erudito em Sua juventude, o Senhor Caitanya nos deixou apenas oito versos, chamados Siksastaka. Estes oitos versos revelam de forma concisa e clara os ensinamentos de Sri Caitanya Mahaprabhu, cuja essência é o cantar do santo nome”. – Srila Prabhupada

Sanmodana Bhasya

- O Comentário Outorgador de Grande Prazer -

“O Sanmodana-bhasya, ‘O Comentário Outorgador de Grande Prazer’, é um extenso comentário em sânscrito sobre os oito versos de instrução do Senhor Caitanya, chamados Sri Sri Siksastaka, o qual Srila Bhaktivinoda Thakura compôs no ano de 1886”. – Rupa Vilasa dasa

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Sri Sri Siksastaka

“O Senhor Caitanya Mahaprabhu instruiu Seus discípulos a escrevem livros sobre a ciência de Krsna, uma tarefa que Seus seguidores continuam a realizar até os dias atuais. As elaborações e exposições sobre a filosofia ensinada pelo Senhor Caitanya são, de fato, as mais volumosas, exatas e consistentes – isto devido ao sistema de sucessão discipular. Embora fosse amplamente conhecido como um erudito em Sua juventude, o Senhor Caitanya nos deixou apenas oito versos, chamados Siksastaka. Estes oitos versos revelam de forma concisa e clara os ensinamentos de Sri Caitanya Mahaprabhu, cuja essência é o cantar do santo nome”. – Srila Prabhupada

Sanmodana Bhasya

- O Comentário Outorgador de Grande Prazer -

“O Sanmodana-bhasya, ‘O Comentário Outorgador de Grande Prazer’, é um extenso comentário em sânscrito sobre os oito versos de instrução do Senhor Caitanya, chamados Sri Sri Siksastaka, o qual Srila Bhaktivinoda Thakura compôs no ano de 1886”. – Rupa Vilasa dasa

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Sri Sri Siksastaka

“O Senhor Caitanya Mahaprabhu instruiu Seus discípulos a escrevem livros sobre a ciência de Krsna, uma tarefa que Seus seguidores continuam a realizar até os dias atuais. As elaborações e exposições sobre a filosofia ensinada pelo Senhor Caitanya são, de fato, as mais volumosas, exatas e consistentes – isto devido ao sistema de sucessão discipular. Embora fosse amplamente conhecido como um erudito em Sua juventude, o Senhor Caitanya nos deixou apenas oito versos, chamados Siksastaka. Estes oitos versos revelam de forma concisa e clara os ensinamentos de Sri Caitanya Mahaprabhu, cuja essência é o cantar do santo nome”. – Srila Prabhupada

Sanmodana Bhasya

- O Comentário Outorgador de Grande Prazer -

“O Sanmodana-bhasya, ‘O Comentário Outorgador de Grande Prazer’, é um extenso comentário em sânscrito sobre os oito versos de instrução do Senhor Caitanya, chamados Sri Sri Siksastaka, o qual Srila Bhaktivinoda Thakura compôs no ano de 1886”. – Rupa Vilasa dasa

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Siksastaka - Verso 1

ceto-darpana-marjanam bhava-maha-davagni-nirvapanam

sreyah-kairava-candrika-vitaranam vidya-vadhu-jivanam

anandambudhi-vardhanam prati-padam purnamrtasvadanam

sarvatma-snapanam param vijayate sri-krsna-sankirtanam

Glórias ao Sri-krsna-sankirtana, que remove do coração toda a poeira acumulada e extingue o fogo da vida condicionada. Este movimento de sankirtana é a principal bênção para toda a humanidade em geral porque espalha os raios da lua da bênção. É a vida de todo o conhecimento transcendental. Ele aumenta o oceano de êxtase transcendental, banha o eu de todos, e nos capacita a saborear completamente o néctar pelo qual sempre ansiamos.

COMENTÁRIO DE SRILA BHAKTIVINODA THAKURA: Começo este comentário Sanmodana Bhasyam aos oito versos Siksastaka compostos por Sri Caitanya Mahaprabhu oferecendo minhas humildes reverências aos pés de lótus do Senhor Caitanya e de Seus eternos associados do Sri Panca-tattva, a saber, Nityananda Avadhuta, Advaita Prabhu, Gadadhara Pandita e Srivasa Thakura.

O Caminho da Perfeição

bhagavan brahma kartsnyena trir anviksya manisaya
tad adhyavasyat kuta-stho ratir-atman yato bhavet

“A grande personalidade Brahma, com grande atenção e concentração mental, estudou os Vedas três vezes, e, após examiná-los com grande escrutínio, constatou que a atração pela Suprema Personalidade de Deus é a perfeição mais elevada da religião”. – Srimad-Bhagavatam 2.2.34

O caminho do serviço devocional é a perfeição mais elevada da vida, e sua obtenção é buscada em toda a literatura Védica. Aplicando sua inteligência superior na repetida pesquisa dos Vedas, o Senhor Brahma concluiu que o melhor método de auto-realização é o despertar do próprio apego ao Senhor Hari, que reside dentro dos corações de todos. Fé, avidez, profunda compreensão e associação com os devotos puros são requerimentos para tal.

A conclusão filosófica de Brahma inequivocamente estabelece a supremacia do serviço devocional sobre as atividades fruitivas (karma), a especulação filosófica (jnana) e outros processos, como meditação (yoga) e a prática de austeridades (tapasya). Todavia, o amor devocional puro por Deus não é obtenível sem grande fé (paramarthika-sraddha) e intensa avidez por saborear os nectáreos passatempos do Senhor Supremo e sem profunda compreensão das verdades confidenciais das escrituras. E mesmo quando profunda fé se faz presente; sem a associação de personalidades santas, é impossível discutir os tópicos transcendentais do Senhor Supremo. Sadhu-sanga é definitivamente essencial para o processo de ouvir e cantar do serviço devocional.

O Senhor pessoalmente declara:

satam prasangan mama virya-samvido

bhavanti hrt-karna-rasayanah katha

taj-josanad asv apavarga-vartmani

sraddha ratir bhaktir anukramisyati

”Na associação dos devotos puros, a discussão dos passatempos e das atividades da Suprema Personalidade de Deus é muito prazerosa e satisfatória ao ouvido e ao coração. Cultivando tal conhecimento, a pessoa gradualmente avança no caminho da liberação, após o que está livre e sua atração se torna fixa. Então a verdadeira devoção e o verdadeiro serviço devocional começam”. – SB 3.25.25

O santo nome, a forma, as qualidades e as atividades do Senhor são glorificados particularmente em tal companhia, logo o sankirtana puro não é possível em companhia outra.

As glórias do sankirtana puro são a primeira coisa sobre o que fala Sri Caitanya Mahaprabhu. Uma vez que o cantar dos santos nomes Krsna – nomes estes que a tudo purificam – é a bênção mais elevada; na quarta linha do verso em discussão, a palavra “param” foi utilizada. Essa bênção suprema é seguida pela fé apropriada (sraddha), que se segue, por sua vez, pela associação com os devotos santos (sat-sanga). Assim começa o processo do serviço devocional, cujo prosseguimento se dá com a execução dos itens do serviço devocional (bhajana-kriya).

O cantar do santo nome não é sentimentalismo. O cantar ensinado por Sri Caitanya Mahaprabhu, o Senhor Supremo atuando como um praticando do serviço devocional (sadhaka), jamais deve ser confundido com o cantar sentimental ou com o cantar com pseudo-devoção. Neste Siksastaka, portanto, Sri Caitanya explica com Suas próprias palavras os princípios de sambhandha, nossa relação eterna com Deus; abhidheya, o meio através do qual podemos reviver essa relação; e prayojana, o auferimento da meta última desse processo. Este comentário, por conseguinte, examinará brevemente cada um destes três princípios filosóficos.

O Senhor Caitanya, a Suprema Personalidade de Deus que é amorosamente servido por todos os devotos Vaisnavas puros, diz: param vijayate sri-krsna-sankirtana; em outras palavras, “glória absoluta ao canto congregacional dos santos nomes de Sri-Krsna”. Entretanto, talvez se pergunte se é possível que o santo nome seja vitorioso no mundo material, uma criação da energia externa (maya-sakti) do Senhor. A resposta é que, mesmo neste mundo material ilusório, o Sri-krsna-sankirtana pode ser completamente vitorioso. Escute agora como isso é possível.

A Premissa Filosófica: Unidade e Diferença Simultâneas

As escrituras certamente evidenciam a unidade absoluta da Verdade Suprema, como na afirmação ekam evadvitiyam (Candogya Upanisad 6.2.1), “Somente a substância única e não-dual”. Nos Srutis, lemos: neha nanasti kincana (Brhad-aranyaka Upanisad 4.4.19), “além do Brahman não dual, nenhuma variedade existe”. Nestas alegações, o aspecto impessoal e todo-penetrante da Verdade Absoluta é estabelecido.

Ao mesmo tempo, a afirmação sarvam khalvidam brahma (Candogya Upanisad 3.14.1), “Esta criação inteira é a forma da verdade absoluta”, enfatiza o princípio pessoal e diferenciado da eterna e suprema Verdade Absoluta. Embora o personalismo diferenciado (savisesatva) e o impersonalismo não diferenciado (nirvisesatva) coexistam na Verdade Absoluta, é o aspecto pessoal que é verdadeiramente perceptível, logo o aspecto pessoal da Verdade Absoluta predomina.

Nosso mestre espiritual no atinente às conclusões escriturais, Srila Jiva Gosvami, portanto, declara [no Bhagavat-sandarbha, Anuccheda 16.16] que a Verdade Absoluta única, por influência de Sua inerente potência inconcebível (svabhaviki acintya-akti), existe eternamente em quatro aspectos: Como Sua forma transcendental (svarupa), como Sua potência todo-penetrante e sempre crescente (tad rupa vaibhava) – o que inclui Sua morada, Seus associados eternos e assim por diante –, como as entidades vivas (jivas), e como a soma total da matéria (pradhana). Isto é análogo aos aspectos do planeta sol, que, conquanto seja um, existe nos quatro seguintes aspectos: O sol em si, Surya; o poderoso globo solar; os raios solares; e os reflexos da luz solar sobre a superfície.

O ponto central desta afirmação é que unicamente a Suprema Personalidade de Deus, aquele possuidor de todas as opulências, é a Suprema Verdade Absoluta; Ele é a única fonte de todas as potências ou energias (sarva-saktiman). O Brahma-sutra de fato argumenta não haver diferença entre a potência (sakti) e o possuidor da potência (saktiman), sakti saktimator abhedah; contudo, o Svetasvatara Upanisad 6.8 conclui: parasya saktir-vividhaiva sruyate, “Aquela Suprema Verdade Absoluta manifesta-Se em variadas formas. Suas potências são multifárias”. Isto prova que existe sim uma diferença essencial e eterna entre o energético e Sua energia, e que a inconcebível Verdade Absoluta age de maneiras que são paradoxais e contraditórias. A escola monista Kevaladvaita-vada não pode se opor exitosamente a este princípios escritueal da unidade e da diferença simultâneas, visto que sua opinião de que a Verdade Absoluta é impessoal e destituída de forma e de potências é contrária tanto às escrituras como à argumentação lógica.

Três Categorias de Manifestação

A Suprema Verdade Absolutamente Potente manifesta-Se em três categorias: como Sua potência interna (antaranga-sakti), como Sua potência marginal (tatastha-sakti), e como Sua potência externa (bahiranga-sakti). Mediante a agência de Sua potência espiritual interna (antaranga-svarupa-sakti), Ele exibe o infinito reino transcendental, e Ele existe eternamente lá como a Suprema Personalidade de Deus, o proprietário de todas as Suas expansões energéticas. De maneira que Ele possa executar vários passatempos pessoais, Sua potência interna exibe os planetas espirituais Vaikuntha dentro do reino transcendental (tad rupa-vaibhava).

A potência marginal se constitui das almas jivas, as entidades vivas eternas, que são como raios ou centelhas atômicas do sol (cid-paramanu) e expansões separadas do Senhor (vibhinnamsa-svarupa). As minúsculas partículas moleculares dentro dos raios do sol não têm existência independente do sol, tampouco podem em algum momento serem igualadas ao sol. Similarmente, as jivas espirituais atômicas não têm existência separada do Senhor, nem podem em algum momento serem tratadas como o Senhor ou se tornarem o Senhor: Elas são partes e parcelas da Verdade Absoluta, não diferentes dEle em qualidade, mas diferentes em quantidade.

O mundo material, que não é nada senão o reflexo do reino espiritual eterno, é manifesto pela potência externa (bahiranga-sakti ou maya-sakti ou pradhana), e, como tal, também não é separado da Verdade Absoluta. Assim como os raios do sol, quando refletidos, criam um arco-íris colorido, a potência externa do Senhor manifesta este fascinante mundo material e estabelece a hierarquia de várias condições materiais a que as almas sob o julgo dela se sujeitam.

O Estado Liberado e o Estado Condicionado

Concluiu-se, portanto, que, cada um à sua maneira, a energia material (jada-jagata), as entidades vivas (jivas) e a transcendência (Vaikuntha, tad rupa-vaibhava) são inconcebivelmente diferentes e não-diferentes do Senhor Supremo (svarupa).

Enquanto a jiva refugia-se plenamente no Senhor Supremo, ela permanece um residente de Vaikuntha, mas, quando seu inato conhecimento espiritual do Senhor é coberto pelo esquecimento, por maya, ela é transferida para fora do reino transcendental.

A jiva é comparada a um raio do sol, e, quando sob a nuvem de maya, ela se condiciona a um tipo de existência não constitucional e artificial. As jivas existem a fim de apoiar e participar dos passatempos transcendentais do Senhor Supremo, mas, devido à sua natureza marginal, podem cair sob o feitiço de maya para sofrerem as dores dos repetidos nascimentos e mortes. Se, contudo, a jiva se desperta para o seu eu original, as névoas negras da ignorância se dissipam e o longo sofrimento dos repetidos nascimentos e mortes por fim termina. Então ela readquire sua identidade espiritual verdadeira (suddha-svarupa).

Quando a jiva se encontra com uma personalidade santa, ela gradualmente obtém um ávido apego ao conhecimento escritural e à atração pelo próprio Senhor Supremo. E quando situada em sua posição constitucional original, a alma desperta é elegível a entrar em uma relação amorosa conjugal com o Senhor em bhakti, cuja característica inerente é ser predominada pelo aspecto doador de prazer (hladini) da potência interna do Senhor (svarupa-sakti). Obtém-se a chance de associação com semelhante personalidade santa verdadeira e o refúgio na mesma em conseqüência de sinceridade e fé; somente com essa qualificação o indivíduo pode ouvir o verdadeiro significado das escrituras reveladas.

Após ouvir submissamente e com fé, a pessoa pode aceitar hari-nama diksa do mestre espiritual. Gradualmente, com o cantar do santo nome, a jiva reespiritualizada supera a energia ilusória, isto é, ela supera a ignorância e se livra de contaminações inúteis no coração (anarthas), isto ao mesmo tempo em que sua natureza original (suddha-svarupa) torna-se proporcionalmente proeminente.

Este é o processo através do qual o cantar do nome do Senhor Hari advém ao mundo material e se torna vitorioso dentro dele. A execução do cantar do nome do Senhor Hari de acordo com este sistema permite que o praticante obtenha sete excelentes resultados, começando com ceto-darpana-marjanam, a limpeza do espelho do coração. Estes sete resultados são apresentados neste primeiro verso e serão discutidos a partir de então.

(1) ceto-darpana-marjanam (remove do coração toda a poeira acumulada)

O seguimento ceto-darpana-marjanam indica a natureza transcendental original da entidade viva. Srila Jiva Gosvami explica que a entidade viva é parte e parcela da Verdade Absoluta, Verdade esta a qual possui o agregado de todas as jivas. Como já explicado, as jivas, assim como raios do sol em relação ao sol, são da mesma natureza do Supremo, isto é, são espirituais; elas, entretanto, são de tamanho infinitesimal.

Srila Baladeva Vidyabusana, autor do comentário Sri Govinda Bhasya ao Vedanta Sutra, analisou o Senhor Supremo como a consciência todo-penetrante (vibhu-caitanya) e as jivas como Suas partes infinitesimais (anu-caitanya). Todas as qualidades transcendentais estão eternamente presentes em perfeita plenitude no Senhor Supremo. O Seu Eu puro é manifesto tanto como o conhecimento absoluto como o conhecedor, e a jiva também é possuidora de conhecimento transcendental e de um eu puro, embora em dimensão parcial.

Isto não contradiz a lógica, pois as qualidades que se encontram no sol, como o calor e a luz, também são observadas nas partículas de luz solar.

Dos dois – o Senhor e as entidades vivas – é o Senhor Supremo quem é plenamente independente e o possuidor e a corporificação de todas as qualidades transcendentais. Ele é a origem de tudo, e Ele entra no mundo material e o controla; é Ele sozinho quem cria e mantém o mundo material. Como o reservatório de toda bem-aventurança transcendental, Ele desfruta de Seu próprio Eu espiritual e distribui o néctar do amor puro ao Supremo (prema-rasa) pela mediação do serviço devocional. Na verdade, Ele força todas as entidades vivas a saborearem esse doce néctar.

As entidades vivas, contudo, sendo inumeráveis, movem-se por variados estágios de existência; algumas se tornam eternamente condicionadas, algumas se tornam eternamente liberadas. Quando a jiva rejeita o Senhor Supremo, ela permanece eternamente presa na armadilha da matéria, mas, se ela novamente aspira pelo refúgio oferecido pelo Senhor, a cortina de maya que separa a jiva de sua própria identidade espiritual e de suas qualidades igualmente espirituais é removida eternamente e ela é imediatamente restabelecida em seu eu original (sva-svarupa).

É evidente o ponto já repetidamente exposto de que a jiva é infinitesimal (anucit). Embora ela seja de natureza espiritual e transcendente (cinmaya), sendo possuidora de eu puro, consciência pura e forma pura; caso dê as costas para Deus e se absorva na energia material – isto é, no desfrute ilusório –, sua natureza pura se contamina com a ignorância.

Deste modo, a consciência da alma é como um espelho: Assim como é impossível ver o próprio rosto em um espelho empoeirado, é impossível ver o verdadeiro eu no espelho da consciência quando esta está coberta pela poeira da ignorância. Porém, se o indivíduo começa a prestar serviço devocional amoroso – particularmente ouvindo e cantando os santos nomes e os passatempos de Sri Krsna – sob a influência da potência de prazer do Senhor (hladini-sakti), a contaminação material da ignorância é completamente erradicada. Então, a consciência pura da jiva, que é uma função de seu eu puro, manifesta-se. Ela vê refletidas com clareza absoluta no espelho de seu eu puro as cinco verdades: o Senhor Supremo (isvara), a entidade viva (jiva), a natureza material (prakrti), o tempo (kala) e as atividades fruitivas (karma). Ela vê o reflexo de sua identidade original sem qualquer distorção, o que consequentemente permite sua compreensão de sua ocupação constitucional (sva-dharma) como serva eterna do Senhor.

(2) bhava-maha-davagni-nirvapanam (extingue o fogo da vida condicionada)

Quando a pessoa se torna verdadeiramente fixa e perita no serviço ao Senhor, a propensão para a vida de desfrute material transforma-se no humor devocional amoroso da prestação de serviço.

A palavra bhava, ou “existência material”, indica a forçada subjugação da jiva a repetidos nascimentos neste mundo, um ciclo contínuo de nascimentos e mortes que se compara a um ardente incêndio florestal (maha-dava-agni) e que não pode ser extinto por nenhum outro meio senão o canto congregacional do santo nome de Krsna.

Uma pergunta talvez seja suscitada neste ponto: Quando a pessoa, por fim, ilumina-se com o conhecimento acerca de sua ocupação constitucional (sva-dharma), ela deixa então de cantar o santo nome? A resposta é que é a interrupção do cantar jamais ocorre, porque o cantar do nome de Deus é em si mesmo a ocupação constitucional da jiva. O seguimento sreyah-kairava-candrika-vitarana confirma isso transmitindo o sentido da atividade eterna da alma espiritual em sua condição espiritual original.

(3) sreya-kairava-candrika-vitaranam (espalha os raios da lua da bênção)

As jivas que estão escravizadas por maya desejam unicamente desfrutar a vida material, e esse desejo perpetua sua prisão no ciclo de nascimentos e mortes e seu sujeição às três classes de misérias. No entanto, quando a alma espiritual se enoja do gozo material e dedica novamente seu tempo e sua energia no serviço amoroso ao Senhor Krsna, ela logra a bênção mais elevada (sreyah).

Essa bênção é comparada ao aglomeramento de impecáveis lótus brancos (kairava), pois, assim como os suavizantes raios da lua fazem com os lótus brancos desabrochem, os raios carregados de rasa do cantar dos santos nomes agitam as pétalas do lótus da boa fortuna da jiva fazendo com que estas se abram.

Dado o Srimad-Bhagavatam (11.3.31) declarar que bhaktya sanjataya bhaktya, ou seja, que a devoção nasce da devoção, o devoto sincero e fiel deve seguir os princípios da bhakti elementar (sadhana-bhakti) cantando e ouvindo regularmente o santo nome até a primeira luz de devoção pura começar a alvorecer no coração, deixando para trás a devoção que era apenas uma sombra (abhasa) da bhakti verdadeira.

O lótus branco fechado, ao ser tocado pelos raios lunares, desperta-se em completo desabrochar; similarmente, quando o canto congregacional do santo nome propaga os raios de bhava (a essência da hladini) e impregna o coração da alma, rati (o amor conjugal de Sri-Krsna) ilumina sua consciência, outorgando-lhe a mais elevada bênção. Isto é o que se entende a partir de “os raios da lua da bênção”.

(4) vidya-vadhu-jivam (a vida de todo o conhecimento transcendental)

Quando a pessoa que alcançou este nível de devoção pura (suddha-bhakti) obterá sua forma espiritual pura (suddha-svarupa)? O Senhor Caitanya responde esta possível pergunta dizendo: vidya-vadhu-jivanam: “A vida, a esposa, de todo o conhecimento transcendental”. A sakti do Senhor Supremo – embora seja, na verdade, uma – tem dois aspectos, a saber, vidya (conhecimento) e avidya (ignorância). Yogamaya, a svarupa-sakti, é a potência espiritual interna do Senhor. Tal potência se chama vidya, enquanto que mahamaya, Sua energia externa, é avidya; a segunda é aquela que cobre o universo material e aquela a cobrir a svarupa da alma juntamente com as qualidades associadas a essa forma.

Quando, em razão de seguir sinceramente o processo de ouvir e cantar, os primeiros raios da devoção pura (suddha-bhakti) começam a finalmente despontar no horizonte do coração do praticante (sadhaka), então bhakti-devi, a extirpadora de todos os indesejados desejos materiais, danosos ao serviço ao Senhor, eclipsa a potência da ignorância (avidya).

Derramando sobre a alma conhecimento espiritual, bhakti-devi destrói tanto o corpo grosseiro quanto as coberturas sutis da alma. Ao mesmo tempo, a forma espiritual original da jiva se manifesta, em virtude do que ela adquire a forma de uma gopi, por exemplo; isto caso suas propensões devocionais constitucionais (sthayi-bhava) qualifiquem-na a saborear madhurya-rasa.

Desta maneira, prova-se que o cantar do santo nome de Krsna é a vida e alma de todo conhecimento transcendental (vidya-vadhu-jivanam). Frequentemente se diz, portanto que a svarupa-sakti é a esposa (vadhu) de Krsna.

(5) anandambudhi-vardhanam (aumenta o oceano de êxtase transcendental)

Quando os corpos grosseiro e sutil da jiva são completamente destruídos, ela reobtém sua pureza imaculada e original. Entretanto, em decorrência da natureza da jiva ser infinitesimal (anu), talvez se presuma que a natureza de sua felicidade também o seja; essa compreensão, porém, é equivocada. Para remover qualquer dúvida no que diz respeito a essa questão, o Senhor Caitanya adiciona ao verso os dizeres anandambudhi-vardhana: “Trata-se de um oceano sempre crescente de bem-aventurança”. O santo nome do Senhor, através da potência hladini, expande ilimitadamente a bem-aventurança inerente à alma.

(6) prati-padam purnamrtasvadanam (nos capacita a saborear o néctar pelo qual sempre ansiamos)

Nessa condição, a jiva se fixa eternamente em um dos humores transcendentais – no humor serviçal (dasya-rasa), no humor de amizade (sakhya-rasa), no humor de afeição parental (vatsalya-rasa) ou no humor de amor conjugal (madhurya-rasa). Uma vez estabelecida em seu humor espiritual eterno e inebriada pelo divino amor a Deus (prema), ela segue desfrutando por toda a eternidade do néctar completo (purna-amrta) a todo e cada passo (prati-padam) em virtude do viço sempre crescente das trocas de emoções amorosas em sua relação com o Senhor Supremo (nava-navayaman anuraga), cuja beleza (rupa), qualidades (guna) e sublimes passatempos (lila) são todos transcendentalmente cativantes.

(7) sarvatma-snapanam (banha completamente o corpo, a mente e a alma)

Neste ponto, um último questionamento talvez seja levantado: A felicidade que a jiva experiência não é produto de uma busca egoísta e, consequentemente, contrária ao princípio da bem-aventurança do amor puro (prema-ananda)? Se assim for, como tal felicidade pode ser chamada de amor imaculado e transcendental (visuddha-prema)? De sorte a desvanecer essa possível dúvida atormentadora, o Senhor Caitanya, Ele que é o melhor dos sannyasis, vale-Se da declaração sarva-atma-snapanam, afirmando que a bem-aventurança da consciência de Krsna é sim completamente pura e produto de um amor abnegado em razão de que o santo nome banha completamente a entidade viva, tanto interna como externamente, deixando-a livre de qualquer desejo de auto-satisfação.

Especificamente, entende-se que, no curso natural do serviço devocional puro, o devoto obtém a forma de uma criada de Srimati-Radharani, quem corporifica o zênite do êxtase divino e mais elevado (maha-bhava). Tendo logrado o serviço a Sri Radhika nos passatempos do Casal Divino, ele goza de ilimitada bem-aventurança. Uma vez que o seu serviço se dá sob os auspícios de Radharani, não há qualquer possibilidade de presença sequer do mais insignificante traço de luxúria ou ânsia por autogratificação (kama).

Entende-se ainda a partir do seguimento sarva-atma-snapanam que não apenas a impureza da autogratificação é incapaz de divergir o devoto de sua posição fixa na consciência de Krsna pura, senão que a contaminação de querer se tornar uno com o aspecto impessoal do Senhor (sayujya-mukti) também inexiste completamente.

Glória ao Sri-Krsna-Sankirtana

Que o cantar do santo nome de Krsna, que é adornado por sete qualidades transcendentais e que se constitui de eternidade, conhecimento e bem-aventurança, seja sempre vitorioso e revele os maravilhosos e variados passatempos amorosos de Sri Sri Radha-Krsna (prema-vicitra-vilasa).

Encerro este comentário ao primeiro verso do Siksastaka com três citações do Sri Caitanya-caritamrta (Antya-lila 20.11,13,14):

nama-sankirtana haite sarvanartha-nasa

sarva-subhodaya, krsna-premera ullasa

“Simplesmente por cantar o santo nome do Senhor Krsna, a pessoa pode se livrar de todos os hábitos indesejáveis. Este é o meio para se despertar toda a boa fortuna e iniciar o fluir das ondas do amor a Krsna”.

sankirtana haite papa-samsara-nasana

citta-suddhi, sarva-bhakti-sadhana-udgama

“Mediante a execução do canto congregacional do mantra Hare Krsna, a pessoa pode destruir a condição pecaminosa da existência material, purificar o coração impuro e despertar todas as variedades do serviço devocional”.

krsna-premodgama, premamrta-asvadana

krsna-prapti, sevamrta-samudre majjana

“O resultado do cantar é que a pessoa desperta seu amor por Krsna e saboreia bem-aventurança transcendental. Em última instância, a pessoa obtém a associação de Krsna e se ocupa em Seu serviço devocional, como se imergisse a si mesma em um grande oceano de amor”.

Tradução de Bhagavan dasa (DvS) – Outras traduções disponíveis em
www.devocionais.xpg.com.br

Siksastaka - Verso 2


namnam akari bahudha nija-sarva-saktis

tatrarpita niyamitah smarane na kalah

etadrsi tava krpa bhagavan mamapi

durdaivam idrsam ihajani nanuragah

Ó meu Senhor, somente Teu santo nome pode conceder todas as bênçãos aos seres vivos, e por isso possuis centenas e milhões de nomes, como Krsna e Govinda. Nestes nomes transcendentais, aplicaste todas as Tuas potências transcendentais. Nem mesmo há regras rígidas e severas para cantar estes nomes. Ó meu Senhor, por bondade, facilmente nos possibilitas aproximarmo-nos de Ti por meio de Teus santos nomes, mas, desventurado como sou, não sinto atração por eles.


COMENTÁRIO DE BHAKTIVINODA THAKURA: O Sri-krsna-sankirtana possui quatro aspectos, consistindo no cantar das glórias do nome (nama), da forma (rupa), das qualidades (guna) e dos passatempos (lila) do Senhor. O santo nome de Krsna é a semente original de toda felicidade, porque o santo nome (Sri Nama) e aquele que é designado pelo nome (Sri Nami) são o mesmo. Não há diferença entre eles.

Cantar o santo nome é, sob todos os aspectos, absolutamente benéfico a cada indivíduo e a todos, em razão do que o Senhor Sri Krsna Caitanya pessoalmente descreveu as qualidades sobreexcelentes do santo nome. A fim de evocar genuína fé no santo nome, o Senhor Caitanya ora: “Ó Senhor, Ó mais munificente! Apiedando-Se diante de nossa situação miserável como almas condicionadas pela matéria, Você, por Sua própria iniciativa, manifestou Seu santo nome, que não é diferente de Você mesmo”.

“Seus santos nome são de dois tipos, principais e secundários. Entre Seus nomes principais estão Hari, Krsna, Govinda, Acyuta, Rama, Ananta e Visnu. Brahma, Superalma, o Controlador Supremo, o Mantenedor, o Criador e Mahendra são nomes secundários. Em Seus nomes principais, Você investiu todas as Suas potências espirituais e qualidades transcendentais”. Inúmeras declarações escriturais substanciam este fato; algumas poucas são citadas a seguir. Evidências Escriturais Atestam a Potência Infinita do Santo Nome

na hi bhagavanna aghatititam idam
tvad-darsanan nrnam akhila-papa-kshayah
yan-nama sakric chravanat
pukkasho 'pi vimucyate samsarat

“Meu Senhor, a pessoa pode ser imediatamente livre de todas as contaminações materiais simplesmente por vê-lO. Se, entretanto, vê-lO pessoalmente não é possível, então, apenas por ouvirem simplesmente uma única vez o santo nome de Sua Onipotência, mesmo os candalas, os comedores de cachorros, a classe mais baixa, livram-se de suas impurezas, exatamente como se o houvessem visto”. – Srimad-Bhagavatam 6.16.44

vedaksarani yavanti pathitani dvijatibhih
tavanti harinamani kirttitani na samsayah
rigvedo yajurvedah samavedo 'pyatharvanah
adhitastena yenoktam harir ityaksara dvayam

”Se a extensão de tempo que um dvija-brahmana utiliza no estudo e na recitação dos mantras Védicos fosse utilizada em cantar mesmo que apenas os nomes secundários do Senhor, esse brahmana se beneficiaria mais; quanto a isso não há dúvidas. Inversamente, entende-se que aquele que simplesmente canta as duas sílabas do santo nome de Hari já dominou os quatro Vedas, de nome Rg, Sama, Yajur e Atharva”. – Visnu Dharmottara

ma rico ma yajustata ma sama pathakincana
govindeti harer-nama geyam gayasva nityasah

“Por conseguinte, não é recomendável dedicar o próprio tempo ao estudo dos Vedas; ao invés disso, o santo nome de Govinda deve ser cantado de maneira contínua, pois Seu nome é glorificado eternamente”. – Skanda-Purana

etan nirvidyamananam icchatam akuto-bhayam
yoginam nrpa nirnitam harer namanukirtanam

“Ó rei, o cantar constante do santo nome do Senhor seguindo o caminho das grandes autoridades é a maneira livre de dúvidas e de temores para o sucesso de todos, inclusive para aqueles que são livres de todos os desejos, para aqueles que desejam desfrute material, e também para aqueles que são auto-satisfeitos por força do conhecimento transcendental”. – Srimad-Bhagavatam 2.1.11

asya jananto nama cid-viviktana
mahaste visno sumatim bhajam-ahe
omiteyad-brahmanopadistam nama
yasmad-uccaryamanam-eva samsara
-bhayattarayati, tasmad ucyate tarah

“Ó Senhor Visnu, Seu santo nome é completamente espiritual (cit-svarupa) e auto-manifesto, devido a que, mesmo se alguém não completamente informado de suas glórias cante o santo nome, esse alguém gradualmente irá adquirir compreensão perfeita meramente por meio do cantar. O senhor Brahma foi o primeiro a disseminar a vibração transcendental om, cuja mera pronunciação dissipou sua ignorância e o medo da morte. Em virtude disso, a vibração om também é conhecida como taraka-brahma, aquilo que libertou Brahma”. – Rg-Veda 1.156.3 apud Hari-Bhakti-Vilasa 11.512

sakrd-uccaritam yena harir-ityaksara-dvayam

baddah parikaras-tena moksaya gamanam prati

“Qualquer pessoa que diga o nome de Hari mesmo que uma única vez sem ofensas torna-se imediatamente determinado a servir os pés de lótus do Senhor Supremo incondicionalmente e então se esforça em busca da liberdade das garras da ilusão”. – Padma-Purana, Uttara-khanda, Capítulo 46

tad asma-saram hrdayam batedam
yad grhyamanair hari-nama-dheyaih
na vikryetatha yada vikaro
netre jalam gatra-ruheshu harsah

“Certamente é feito de aço aquele coração que, a despeito do cantar do santo nome do Senhor com concentração, não muda quando o êxtase se faz presente, lágrimas enchem os olhos e os pêlos corpóreos se arrepiam”. – Srimad-Bhagavatam 2.3.24

madhura-madhuram-etan-mangalam mangalanam
sakala-nigama-valli-satphalam cit-svarupam
sakrd-api parigitam sraddhaya helaya va
bhrguvara naramatram tarayeta krsnanama

"Ó respeitado Bhrgu, o santo nome de Krsna é mais nectáreo do que o mais doce mel, a mais benéfica de todas as atividade auspiciosas, e é o fruto eterno maduro e transcendental da árvore-dos-desejos dos Vedas. Se alguma pessoa profere este santo nome mesmo que uma vez, casualmente ou com sinceridade plena – mas sem ofensas – então o santo nome instantaneamente liberada essa pessoa”. – Prabhasa-khanda apud Hari-Bhakti-Vilasa 11.451

gitva ca mama namani vicaren-mama sannidhau
iti brabimi te satyam krto 'ham tasya carjuna

“Ó Arjuna, declaro verdadeiramente a Você que qualquer um pode Me obter simplesmente por cantar o Meu nome e ser fiel a Mim. Eu Me torno sua propriedade, completamente dependente dele”. – Adi-Purana

nama cintamanih krsnas caitanya-rasa-vigrahah
purnah suddho nitya-mukto 'bhinnatvan-nama-naminoh

”O santo nome de Krsna é transcendentalmente bem-aventurado. Assim como a pedra cintamani, ele concede todas as bênçãos espirituais, pois ele é o próprio Krsna. O nome de Krishna é completo, e é a forma dos humores transcendentais (caitanya-rasa-vigrahah). Uma vez que o nome de Krsna não se contamina com as qualidades materiais, não há possibilidade dele ser envolvido por maya. O nome de Krsna é sempre liberado e espiritual; ele jamais é condicionado pelas leis da natureza material, o que se dá porquanto o nome de Krsna e o próprio Krsna são idênticos”. – Padma-Purana

atah sri-krsna-namadi na bhaved grahyam indriyaih
sevonmukhe hi jihvadau svayam eva sphuraty adah

“Ninguém pode compreender a natureza transcendental do nome, da forma, das qualidades e dos passatempos de Sri Krsna través de seus sentidos materialmente contaminados. Somente quando a pessoa se torna espiritualmente saturada pelo serviço devocional ao Senhor é que os transcendentais nome, forma, qualidades e passatempos lhe são revelados”. – Padma-Purana

Desafortunados, Não Obstante Tamanha Misericórdia

A partir das citações acima, oriundas de diferentes escrituras reveladas, podemos concluir que o santo nome é munido de ilimitadas potências espirituais. Nas práticas de karma, jnana, yoga, etc., o praticante (sadhaka) é preso por regras escriturais estritas e por fatores de tempo, lugar e circunstâncias. “Entretanto, para o cantar e para o lembrar de Seus santos nomes, inexiste tal consideração de tempo, lugar e circunstância, o que é, com efeito, um exemplo de Sua insondável misericórdia para conosco”.

“Contudo, a despeito de tudo isso, é certamente razão para grande pesar o fato de que não desenvolvemos sequer uma gota de atração por Seu santo nome, o mais magnânimo”. A palavra durdaiva, ou infortúnio, é sinônimo para nama-aparadha, ofensas aos santos nomes. Um resumo bastante conciso dessas ofensas, as quais são em número de dez e encontram-se no capítulo 25 do Brahma-khanda do Padma-Purana (versos 15, 16, 17 e 18), é apresentado abaixo.

As Dez Ofensas ao Santo Nome

1. Satam ninda namnah paramam aparadham vitanute yatah khyatim kathamu sahate tad-vigaraham. Criticar e buscar defeitos nos devotos ou sadhus é uma grave ofensa contra o santo nome. Como o nome pode, portanto, tolerar críticas a devotos que dedicam suas vidas a propagar as glórias do nome? Porque isso é intolerável, a crítica contra pessoas santas é a primeira ofensa ao santo nome.

2. Sivasya sri visnorya iha guna-namadi sakalam dhiya bhinnam pasyet sa khalu harinama-hitakarah. Aqueles que tentam compreender a temática espiritual com a inteligência material concluem erroneamente que o nome, a forma, as qualidades e os passatempos do Senhor Visnu são diferentes dEle próprio. Em outras palavras, impõem características e limitações materiais na espiritualidade. Ademais, eles igualam semideuses como Siva e Brahma ao Supremo Senhor Visnu, ou consideram tais semideuses como independentes do Senhor Visnu. O cantar de tais pessoas é ofensivo.

3. Guror avajna. É uma ofensa contra o santo nome desobedecer e desconsiderar o mestre espiritual que é auto-realizado e perfeito no cantar do santo nome considerando tal mestre um mortal ordinário possuidor de um corpo material.

4. Sruti-sastra-nindanam. Outra ofensa é criticar e encontrar defeitos nos Vedas, nos Puranas sáttvicos e em outras escrituras corolárias.

5. Tatharthavado. A quinta ofensa é considerar que as glórias do santo nome são exageradas.

6. Hari-namni kalpanam. Considerar o santo nome como fictício ou forjado é tido como ofensivo.

7. Namno balad yasya hi papa-buddhir na vidyate tasya yamair hi suddhih. Aqueles que cometem atividades pecaminosas apoiando-se na força expiatória do cantar do santo nome jamais poderão exonerar-se dessa ofensa através de nenhum processo, nem mesmo por meio das disciplinas da yoga, que começa com yama, niyama, dhyana, dharana e assim por diante.

8. Dharma-vrata-tyagahutadi-sarva-subha-kriya-samyamapi pramadah. Somente uma pessoa iludida considera que atividades ritualísticas mundanas, como caridade, jejum, votos, abnegação, austeridade, etc. estão no mesmo nível da atividade transcendental do cantar do santo nome.

9. Asraddha-dhano vimukho 'py-srnvati yas copadesah sivanamaparadhah. Também se considera uma ofensa instruir acerca das glórias do santo nome pessoas sem fé e que são avessas à prática de ouvir e cantar.

10. Srutvapi nama-mahatmyam yah pritirahito 'dhamah aham mamadiparamo namni
so 'py aparadha-krt. Aqueles que, mesmo após terem ouvido as estonteantes qualidades do santo nome, mantêm apegos materiais que se fundamentam nos conceitos de “eu” e “meu” são ofensores, pois tal manutenção do apego revela que sua atração e seu interesse pelo cantar não são genuínos.

É compulsório que um devoto evite estas dez ofensas ao cantar do santo nome do Senhor. Tampouco deve o praticante do cantar, em algum momento, tentar neutralizar seus pecados ou acumular atividades piedosas mediante observâncias ritualísticas, como fazem os trabalhadores fruitivos, pois isto não lhe é necessário nem é ele elegível (adhikari) para a execução de rituais de ordem karma-kanda. Caso, por ventura, um devoto cometa uma ofensa ao santo nome, então, com um coração muitíssimo ansioso, ele deve prosseguir cantando continuamente. Esse cantar contínuo irá tanto impedir que ele cometa novas ofensas como desarraigará todas as suas ofensas pretéritas.

As escrituras declaram claramente que apenas o cantar pode absolver alguém de todas as ofensas e reações pecaminosas: namaparadha-yuktanam namanyeva harantyadham, avisranti-prayuktani tanyevartha-karani ca (Padma-Purana, Svarga-khanda, 64): “Por conseguinte, o cantar do santo nome é o melhor refúgio para todos. O cantar contínuo remove o próprio desejo de ofender e gradualmente eleva a pessoa até a plataforma espiritual mais elevada”. Quando a pessoa está livre das ofensas, cresce seu apego (anuraga) pelo nome, e ela logo obtém toda a perfeição (sarvartha siddhi). “Toda a perfeição” é sinônimo para krsna-prema, amor puro por Krsna. Esta é a segunda instrução do Senhor Caitanya Mahaprabhu.

Sri Caitanya-caritamrta (Antya-lila 20.17-19):

aneka-lokera vancha—aneka-prakara
kripate karila aneka-namera pracara

“Porque as pessoas variam em seus desejos, Você, por Sua misericórdia, distribui vários santos nomes”.

khaite shuite yatha nama laya
kala-desha-niyama nahi, sarva siddhi haya

“Independentemente de tempo ou lugar, aquele que canta o santo nome, mesmo enquanto come ou dorme, obtém toda perfeição”.

"sarva-shakti name dila kariya vibhaga
amara durdaiva—name nahi anuraga!!"

“Você investiu Sua completa potência em tais nomes individuais, mas sou tão desafortunado que não tenho apego pelo cantar de Seus santos nomes”.

Tradução de Bhagavan dasa (DvS) – Outras traduções disponíveis em
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Siksastaka - Verso 3


trnad api sunicena

taror api sahisnuna

amanina manadena

kirtaniyah sada hari


O santo nome do Senhor deve ser cantado em um estado de espírito humilde, considerando-se inferior à palha na rua; deve-se ser mais tolerante do que uma árvore, destituído de todo sentido de falso prestígio, e deve-se estar pronto para oferecer todo o respeito aos outros. Em tal estado de espírito, o santo nome do Senhor pode ser cantado constantemente.

COMENTÁRIO DE BHAKTIVINODA THAKURA: O devoto que canta o nome sem cometer ofensas é adornado por quatro qualidades muitíssimo especiais. Elas são: Uma brandura humilde decorrente do completo desapego da matéria, compaixão pura e destituída de inveja, um coração imaculado e livre do desejo por prestígio, e uma atitude respeitosa apropriada para com todos.

(1) Trnad api sunicena (mais humilde do que a palha)

Quando o santo nome, a completa corporificação das rasas transcendentais (aprakrta-cin-maya-rasa), aparece no coração do devoto praticante (sadhaka), sua atitude mental é transformada. Ele pensa: “Sou constitucionalmente uma consciência infinitesimal (anu-caitanya) e um servo do Senhor Krsna. Eu não tenho qualquer necessidade associada à vida materialista e a objetos materiais. Entretanto, ai de mim, devido à minha alienação dos pés de lótus de Krsna, encontro-me em minha presente condição lastimável. Preso na atormentadora roda de nascimentos e mortes, sofro misérias inimagináveis”.

O sadhaka humildemente adota yukta-vairagya, a renúncia na forma da ocupação ativa dos sentidos a serviço do Senhor. “Agora, pela graça de meu mestre espiritual e dos Vaisnavas, compreendi que somente por meio do serviço devocional ao Senhor Supremo posso eu encontrar alívio para as aflições da existência material, reintegrar-me em minha posição constitutiva, reaver a minha identidade espiritual (svarupa) e obter o amor a Deus (bhagavat-prema)”.

“Entretanto, enquanto não me livro das correntes do condicionamento material, sou obrigado a adotar o caminho de yukta-vairagya. Enquanto cultivo sambandha-jnana, aceitarei da matéria somente as necessidades mínimas necessárias para manter o corpo e a alma juntos”.

”Tanto os sofrimentos oriundos de pobreza, doença, calamidade e velhice quanto a felicidade causada por riquezas, saúde, beleza e educação são reações manifestas de atividades passadas (prarabdha-karma). Em todo caso, perda e ganho, nascimento e morte, sofrimento e regozijo são deixados para trás quando ascendemos à realidade espiritual, logo esses assuntos mundanos são irrelevantes. Pensando desta maneira, irei me aproximar de Krsna com infinita humildade e orarei: ‘Ó Krsna, Ó Govinda, Ó Senhor da minha vida! Quando serei ocupado em Seu serviço divino? Por favor, seja misericordioso para com esta criatura baixa e aceite-a sem demora como Seu servo’. Nesta disposição, eu posso tanto renunciar minha família quanto permanecer em casa vivendo sobriamente. Isso não importa, pois, pela graça de Krsna, manterei de alguma forma a minha vida”.

“Uma palha morta na rua é simplesmente matéria, o seu ego ou sua identidade naturalmente corresponde à sua existencial fatual, pois uma palha é meramente uma palha. O meu ego presente, contudo, é falso (ahankara), constituído de coberturas grosseira e sutil; ele não corresponde ao meu eu original. Porque o ego (abhiman) da palha é fatual e o meu ego material é irreal, a única medida que me é apropriada é tornar-me mais humilde do que a palha na rua”.

(2) Taror api sahisnuna (mais tolerante do que uma árvore)

O significado da expressão taror api sahisnuna, “mais tolerante do que uma árvore”, é o seguinte: A árvore é tão tolerante que é incapaz de deixar de oferecer sua sombra refrescante e seus frutos suculentos mesmo à pessoa que vai cortá-la. O devoto do Senhor Krsna é ainda mais bondoso porque ele sente compaixão por todos, benquerentes e inimigos, desejando-lhes somente o melhor.

Aquele que canta o santo nome sem ofensas é tomado de pensamentos relativos ao bem-estar dos demais. Ele pensa: “Ó Senhor, meus amigos, companheiros e outras entidades vivas, que se incluem todos no grupo de almas condicionadas, são muitíssimo desafortunados. Como eles poderão possivelmente desenvolver amor e atração pelo cantar de Seu nome todo-auspicioso? Eles estão mergulhados no pântano dos apegos familiares, riquezas e propriedades; vitória e derrota; sucesso e revés; perda e ganho; alegrias e sofrimentos; nascimento e morte, etc. – tudo em razão de estarem cegos pela energia ilusória (maya)”.

“E não vejo sequer o menor sinal de que estejam desgostosos com essa existência material fútil, repleta de coisas indesejadas (anarthas). Eles estão sendo lentamente estrangulados pela forca de seus próprios ilimitados desejos por gratificação sensorial, e dedicam seu precioso tempo ocupando-se nos assuntos inúteis de karma e jnana, isto é, a busca pela felicidade momentânea do desfrute material disponível neste mundo e nos planetas celestiais (karma) e a busca pela liberação do sofrimento que, por fim, vem da busca pelo prazer egoísta (jnana). Como essas pessoas podem ser motivadas a se interessarem em conhecer o seu eu verdadeiro (atma-svarupa)?”.

Enquanto suplica ao Senhor desta maneira, o coração do devoto transborda emoções espirituais. Ele canta alto:


harer nama harer nama hare namaiva kevalam

kalau nasty eva nasty eva nasty eva gatir anyatha


“Nesta era de Kali, não há outra maneira, não há outra maneira, não há outra maneira, senão cantar o santo nome, cantar o santo nome, cantar o santo nome”.

(3) Amani (destituído de todo sentido de falso prestígio)

A palavra amani revela a terceira qualidade do devoto cujo cantar é decorado pela inofensividade: Seu coração é impecavelmente livre do falso ego e do falso prestígio.

As falsas designações dos corpos grosseiro e sutil da jiva surgem da ignorância. Poderes de yoga mística, opulência, boa aparência, nascimento elevado, força, status social, influência e assim por diante são aspectos de seu falso ego (ahankara). Tudo isso não apenas é incompatível com sua identidade espiritual verdadeira, como é completamente externo e falso.

Possuir um coração imaculado, destituído de falso ego e prestígio, significa especificamente que o devoto distancia-se completamente de todas as designações irreais (mithya-abhimana-sunyata). O que dizer, entretanto, do orgulho que talvez advenha da subjugação das designações falsas? A resposta é que, a despeito de ser altamente respeitado, o devoto que demonstra tolerância, humildade e um coração puro é um candidato digno do cantar puro, pois ele se precaverá de modo a não se tornar orgulhoso por ser honrado como brahmana, caso seja chefe de família; ou como sannyasi, caso seja renunciante – ele se concentra exclusivamente nos pés de lótus do Senhor Krsna e canta Seu santo nome.

(4) Manada (pronto para oferecer todo respeito aos outros).

A palavra manada significa oferecer todo respeito aos demais de acordo com a posição individual de cada um, o que é o quarto sintoma de um devoto que canta o santo nome sem ofensas. Visto que ele compreende que todas as entidades vivas são servos eternos de Krsna, ele jamais adota uma postura de malícia ou vingança para com alguém; ao contrário, ele agrada todos com palavras doces e sublimes e com atos exemplares, os quais visam o bem do mundo inteiro. Ele oferece respeito a personalidades distintas, como os brahmanas eruditos; a Brahma, Siva e outros semideuses elevados, ele oferece reverências com absoluta humildade, pedindo em oração que aumentem sua devoção pelo Senhor Krsna; e a Vaisnavas elevados e a devotos puros, ele oferece serviço de todo o seu coração.

Conclusão

O cantar do santo nome que é felicitado com as quatro qualidades mencionadas acima é o sucesso mais elevada da vida humana. Esta é a declaração do Senhor Caitanya Mahaprabhu, o mais magnânimo avatara e o salvador das almas caídas da era de Kali.

Sri Caitanya-caritamrta, Antya 20.22-26:


uttama hana apanake mane trinadhama
dui-prakare sahishnuta kare vriksha-sama


“Estes são os sintomas de alguém que canta o maha-mantra Hare Krsna. Embora ele seja muito elevado, ele se considera mais baixo do que a palha no chão; e, como uma árvore, ele tolera tudo de duas maneiras”.


vriksha yena katileha kichu na bolaya
shukana maileha kare pani na magaya


“Quando uma árvore é cortada, ela não protesta, e, mesmo enquanto seca, ela não solicita água a ninguém”.


yei ye magaye, tare deya apana-dhana
gharma-vrishti sahe, anera karaye rakshana


“A árvore dá seus frutos, flores e tudo mais que possui a todos e qualquer um. Ela tolera calores escaldantes e torrentes de chuva, e, ainda assim, concede refúgio a outros”.


uttana hana vaishnava habe nirabhimana
jive sammana dibe jani' 'krishna'-adhishthana


“Embora um Vaisnava seja a personalidade mais elevada, ele é destituído de orgulho e demonstra todo respeito aos outros, sabendo que todos são a residência de Krsna”.


ei-mata hana yei krishna-nama laya
shri-krishna-carane tanra upajaya


“Se alguém cantar o santo nome do Senhor Krsna com esta disposição, elecertamente despertará seu amor dormente pelos pés de lótus de Krsna”.

Tradução de Bhagavan dasa (DvS) – www.devocionais.xpg.com.br



Sri Sri Siksastaka

“O Senhor Caitanya Mahaprabhu instruiu Seus discípulos a escrevem livros sobre a ciência de Krsna, uma tarefa que Seus seguidores continuam a realizar até os dias atuais. As elaborações e exposições sobre a filosofia ensinada pelo Senhor Caitanya são, de fato, as mais volumosas, exatas e consistentes – isto devido ao sistema de sucessão discipular. Embora fosse amplamente conhecido como um erudito em Sua juventude, o Senhor Caitanya nos deixou apenas oito versos, chamados Siksastaka. Estes oitos versos revelam de forma concisa e clara os ensinamentos de Sri Caitanya Mahaprabhu, cuja essência é o cantar do santo nome”.


– Srila Prabhupada Sanmodana Bhasya - O Comentário Outorgador de Grande Prazer -

“O Sanmodana-bhasya, ‘O Comentário Outorgador de Grande Prazer’, é um extenso comentário em sânscrito sobre os oito versos de instrução do Senhor Caitanya, chamados Sri Sri Siksastaka, o qual Srila Bhaktivinoda Thakura compôs no ano de 1886”. – Rupa Vilasa dasa

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Sri Sri Siksastaka

“O Senhor Caitanya Mahaprabhu instruiu Seus discípulos a escrevem livros sobre a ciência de Krsna, uma tarefa que Seus seguidores continuam a realizar até os dias atuais. As elaborações e exposições sobre a filosofia ensinada pelo Senhor Caitanya são, de fato, as mais volumosas, exatas e consistentes – isto devido ao sistema de sucessão discipular. Embora fosse amplamente conhecido como um erudito em Sua juventude, o Senhor Caitanya nos deixou apenas oito versos, chamados Siksastaka. Estes oitos versos revelam de forma concisa e clara os ensinamentos de Sri Caitanya Mahaprabhu, cuja essência é o cantar do santo nome”. – Srila Prabhupada

Sanmodana Bhasya

- O Comentário Outorgador de Grande Prazer -

“O Sanmodana-bhasya, ‘O Comentário Outorgador de Grande Prazer’, é um extenso comentário em sânscrito sobre os oito versos de instrução do Senhor Caitanya, chamados Sri Sri Siksastaka, o qual Srila Bhaktivinoda Thakura compôs no ano de 1886”. – Rupa Vilasa dasa

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Siksastaka - Verso 4

na dhanam na janam na sundarim

kavitam va jagad-isa kamaye

mama janmani janmanisvare

bhavatad bhaktir ahaituki tvayi


Ó Senhor todo-poderoso, não tenho o desejo de acumular riquezas, tampouco desejo envolvimento com as atividades fruitivas descritas em linguagem florida, nem quero um grande número de seguidores. Tudo o que desejo, nascimento após nascimento, é o Teu serviço devocional imotivado.

COMENTÁRIO DE BHAKTIVINODA THAKURA: O devoto deve, primeiramente, receber a vibração sonora do santo nome de seu mestre espiritual, após o que lhe é possível cantar o nome sem cometer ofensas a ele. Mediante este processo, as quatro qualidades mencionadas no verso anterior irão gradualmente aparecer em seu coração. Entretanto, caso o sadhaka não abandone todo apego aos prazeres sensuais, sua identidade espiritual original (suddha-svarupa) não poderá manifestar-se, em conseqüência do que bhakti, o sabor da potência hladini, não poderá se transformar na bhava da atração conjugal.

Este verso explica a forma pura de sadhana-bhakti de duas maneiras. A explicação positiva ou direta (svarupa-laksana) enfatiza o sintoma de bhakti, que é a postura de serviço devocional extático para com Sri Krsna (bhava-bhakti), enquanto que o seguimento iniciado por na dhanam na janam aponta os sintomas negativos ou indiretos (tatastha-laksana). O sintoma indireto, ou marginal, de bhakti se refere à liberdade de todos os desejos que não se coadunam com o serviço devocional puro (anyabhilasita-sunya), e à ausência do influxo de karma e jnana (jnana-karmady-anavrta). Enquanto a devoção amorosa (anukulya) a Krsna permanecer encoberta por desejos ulteriores (anyabhilasa) e por karma, jnana, yoga e assim por diante, ela não poderá chegar ao estágio mais elevado, de nome uttama-bhakti, senão que permanecerá meramente como uma sombra de bhakti (bhakti-abhasa).

Como Ir Além de Bhakti-Abhasa

A instrução deste verso é de fato como dissipar a referida sombra a fim de que possamos lograr a devoção pura. O verso declara: “Ó Senhor do universo (jagadisa)! Não anelo riqueza (dhana), seguidores (jana) ou poesia bela (sundarim kavita)”.

Aqui, riqueza (dhana) se refere à riqueza da piedade acumulada em decorrência de se seguir estritamente o caminho que divide a sociedade em quatro ordens sociais e quatro ordens espirituais (varna-asrama), o que inclui atividades materialistas de ordem karma-kanda e assim por diante. Se melhor elucidada, a palavra dhana inclui ainda toda parafernália, grosseira e sutil, requerida para a satisfação dos desejos de uma pessoa no que diz respeito ao desfrute neste mundo e no céu.

A palavra jana, por sua vez, indica esposa, filhos, criados, súditos, amigos, parentes e assim por diante.

Educação ou aprendizagem é corretamente definida como a cultura que promove a atração e o apego aos pés de lótus do Senhor Supremo. A expressão sundarim kavita não se refere às narrativas dos passatempos do Senhor Krsna, ou aos exames filosóficos conclusivos das escrituras, ou à poesia e à literatura transcendental; ao invés disso, refere-se a literaturas mundanas e outras composições triviais, as quais devem ser rejeitadas.

E o que é desejável? “Tudo o que desejo, nascimento após nascimento, é o Seu serviço devocional imotivado”. Devoção imotivada (ahaituki-bhakti) se refere àquela devoção que não é guiada por nenhuma consideração senão o prazer e a satisfação de Krsna, que é de natureza completamente transcendental (cin-maya-svabhava-yukta), que é pura (suddha), exclusiva (kevala), não misturada (amisra) e livre de todos os apegos materiais (akincana).

O Desejo de Salvação Também é Contrário à Devoção Pura

A vitória da jiva na remoção de todas as muitas misérias existentes dentro do ciclo de nascimentos e mortes repousa muita além de sua capacidade – essa vitória depende inteiramente da vontade do Senhor Supremo. Dado que todos os sofrimentos cessarão automaticamente quando, pelo desejo do Senhor, a jiva for salva do samsara; qual é a utilidade de orações irreligiosas pedindo pela liberação, pela remoção dos sofrimentos, o que viola o princípio da devoção pura? Esta oração de Sri Caitanya Mahaprabhu expressa a necessidade urgente da alma por bhava-bhakti acima de qualquer outra coisa: “Sem aguardar até que o ciclo de nascimentos e mortes seja interrompido pela graça do Senhor, que eu imediatamente desenvolva devoção incondicional pelos pés de lótus de Krsna vida após vida, independente de qual seja por ventura minha presente situação material”.

Sri Caitanya-caritamrta, Antya 20.27,28,30:


kahite kahite prabhura dainya badila

shuddha-bhakti' krishna-thani magite lagila

”À medida que o Senhor Caitanya falava desta maneira, Sua humildade crescia, e Ele começou a orar a Krsna pedindo que pudesse prestar serviço devocional puro”.


premera svabhava—yanha premera sambandha

sei mane,—'krishne mora nahi prema gandha'

”Sempre que há uma relação de amor com Deus, o sintoma natural disso é que o devoto não se considera um devoto. Ao contrário, ele sempre se considera desprovido até mesmo de uma única gota de amor por Krsna”.

dhana, jana nahi mango, kavita sundari
shuddha-bhakti' deha' more, krishna kripa kari

“‘Meu querido Senhor Krsna, não quero riquezas materiais de Você, tampouco quero seguidores, uma bela esposa ou os resultados das atividades fruitivas. Tudo o que peço em oração é que, por Sua misericórdia sem causa, Você Me dê o serviço devocional puro, vida após vida’.”.

Tradução de Bhagavan dasa (DvS), revisão de Prana-vallabha devi dasi (DvS) –
www.devocionais.xpg.com.br


Siksastaka - Verso 5


ayi nanda-tanuja kinkaram

patitam mam visame bhavambudhau

krpaya tava pada-pankaja-

sthita-dhuli-sadrsam vicintaya


Ó Krsna, filho de Maharaja Nanda, sou Teu servo eterno; de alguma forma, porém, caí no oceano de nascimentos e mortes. Por favor, retira-me deste terrível oceano de ignorância e coloca-me como uma partícula de poeira a Teus pés de lótus.

COMENTÁRIO DE BHAKTIVINODA THAKURA: É apropriado a um sadhaka que se refugiou no santo nome refletir sobre as misérias da existência material? A fim de responder este questionamento, o Senhor Caitanya compôs este verso de número cinco, no qual Ele esclarece da seguinte maneira a atitude que um devoto deve adotar: “Ó Senhor Krsna, Ó filho de Maharaja Nanda! Sou Seu servo eterno, mas, agora, em virtude de meus próprios erros, caí neste terrível oceano da existência material. A luxúria (kama), a ira (kroddha), a inveja (matsara) e assim por diante são meus adversários; como grandes peixes, eles espreitam-me na água a fim de me devorar. As bravias ondas de esperanças tolas e de ansiedades mal direcionadas jogam-me daqui para lá, tornando deveras tormentosa a minha vida. Poderosas rajadas dos ventos das más associações agravam o meu sofrimento. Nesta condição, vejo apenas Você como o meu refúgio”.

O Refúgio das Algas Marinhas e o Refúgio Verdadeiro

“Ocasionalmente, um pequeno aglomerado de algas marinhas pode ser visto boiando a esmo; tratam-se das algas marinhas dos processos de karma, jnana, yoga, tapasya e assim por diante. Alguém, no entanto, alguma vez cruzou o oceano da ignorância agarrando-se a essas algas marinhas insignificantes? Tudo o que vi foi que às vezes algumas pessoas, enquanto tentam nadar de modo a cruzar este oceano, alcançam tais algas e se agarram a elas, mas tudo o que conseguem é afogarem-se junto com a alga, assim como se afoga uma pedra inanimada. Não há outra esperança de segurança além de Sua ilimitada misericórdia”.

“O sólido, resistente e robusto navio de Seu santo nome é o único meio pelo qual é possível a transposição deste perigosíssimo oceano da existência material. Considerando isso muito seriamente, agi: Pedi permissão ao meu mestre espiritual para embarcar no navio do santo nome do Senhor, permissão esta que, pela misericórdia do Senhor, foi-me concedida. Ó Senhor, Você é conhecido como o protetor das almas rendidas, Seus devotos. Por favor, aceite este pobre desabrigado, livre-me de todos os meus defeitos e, de forma que eu nunca me separe de Seus pés de lótus, considere-me uma poeira sob eles.

A mensagem deste sloka, ou verso, é que aqueles que foram aceitos pelo Senhor no caminho de bhakti jamais devem retornar para o caminho do desfrute sensorial ou para o caminho da liberação, a despeito das dificuldades materiais.


Sri Caitanya-caritamrta, Antya 20.31,33,34:


ati-dainye punah mage dasya-bhakti-dana

apanare kare samsari jiva-abhimana


”Com grande humildade, considerando-Se uma alma condicionada do mundo material, Sri Caitanya Mahaprabhu novamente expressou Seu desejo de ser agraciado com o serviço ao Senhor”.


"tomara nitya-dasa mui, toma pasariya

padiyachon bhavarnave maya-baddha hana


”Sou Seu servo eterno, mas Me esqueci de Sua Onipotência. Agora encontro-Me caído no oceano da ignorância, e fui condicionado pela energia externa”.


krpa kari' kara more pada-dhuli-sama

tomara sevaka karon tomara sevana"


“Seja imotivadamente misericordioso para coMigo dando-Me um lugar entre as partículas de poeira de Seus pés de lótus de sorte que Eu possa me engajar no serviço à Sua Onipotência como Seu servo eterno”.

Tradução de Bhagavan dasa (DvS), revisão de Prana-vallabha devi dasi (DvS) –
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Sri Sri Siksastaka

“O Senhor Caitanya Mahaprabhu instruiu Seus discípulos a escrevem livros sobre a ciência de Krsna, uma tarefa que Seus seguidores continuam a realizar até os dias atuais. As elaborações e exposições sobre a filosofia ensinada pelo Senhor Caitanya são, de fato, as mais volumosas, exatas e consistentes – isto devido ao sistema de sucessão discipular. Embora fosse amplamente conhecido como um erudito em Sua juventude, o Senhor Caitanya nos deixou apenas oito versos, chamados Siksastaka. Estes oitos versos revelam de forma concisa e clara os ensinamentos de Sri Caitanya Mahaprabhu, cuja essência é o cantar do santo nome”. – Srila Prabhupada

Sanmodana Bhasya

- O Comentário Outorgador de Grande Prazer -

“O Sanmodana-bhasya, ‘O Comentário Outorgador de Grande Prazer’, é um extenso comentário em sânscrito sobre os oito versos de instrução do Senhor Caitanya, chamados Sri Sri Siksastaka, o qual Srila Bhaktivinoda Thakura compôs no ano de 1886”. – Rupa Vilasa dasa

* * *

Siksastaka - Verso 6


nayanam galad-asru-dharaya

vadanam gadgada-ruddhaya gira

pulakair nicitam vapu kada

tava nama-grahane bhavisyati


Ó meu Senhor, quando meus olhos se decorarão com lágrimas de amor fluindo constantemente ao cantar Teu santo nome? Quando minha voz se embargará, e quando os pêlos de meu corpo se arrepiarão com a recitação do Teu nome?

COMENTÁRIO DE BHAKTIVINODA THAKURA: Nos cinco versos anteriores, discutiu-se a progressão da alma que tem fé (sraddha). Segundo o Bhakti-Rasamrta-Sindhu (1.4.15-16),


adau sraddha tatah sadhu- sango ‘tha bhajana-kriya
tato ‘nartha-nivrttih syat tato nistha rucis tatah

atha saktis tato bhavas tatah premabhyudancati
sadhakanam ayam premnah pradurbhave bhavet kramah


a fé conduz o indivíduo a se associar com pessoas santas (sadhu-sanga), e, na associação de tais pessoas, ele passa então a praticar o processo do serviço devocional (bhajana-kriya) que consiste em ouvir (sravana), cantar (kirtana), lembrar (smarana), servir os pés de lótus do Senhor (pada-seva), adorar a forma de Deidade do Senhor (arcana), oferecer orações (vandana), considerar-se servo do Senhor (dasya), considerar-se amigo do Senhor (sakhya), e render-se inteiramente (atma-nivedana). Em virtude da observação de tudo isso, a jiva se livra de todas as coisas indesejadas (anartha-nivrtti). Com o aniquilamento de tudo o que é indesejado, a pessoa obtém estabilidade em seu serviço ao Senhor (nistha), em conseqüência do que prova o gosto desse serviço (ruci), o que, por sua vez, gera intenso apego ao Senhor (asakti); bhava, em seguida, finalmente se faz presente. É assim que, com a assistência da devoção pura, que é a essência da hladini-sakti do Senhor, a jiva gradualmente se auto-realiza, isto é, redescobre seu próprio eu (svarupa).

Neste verso de número seis, o tema de bhava-bhakti, também chamada de rati (devoção espontânea), é melhor elaborado. Quando o estágio de bhava-bhakti é auferido, o serviço devocional atinge a perfeição de sua identidade plenamente espiritual e se torna completamente ininterrupto, visto que bhava-bhakti é o botão (ankura) que logo desabrochará completamente na forma de prema-bhakti, a perfeição última do amor. Dos nove ramos do serviço devocional, a começar com sravana (ouvir), é o cantar do nome de Krsna (kirtana) que se torna particularmente muito intensificado em bhava-bhakti.

Os Nove Sintomas de Bhava

O devoto em bhava-bhakti é marcado pelos nove seguintes sintomas, como se descrevem no Bhakti-Rasamrta-Sindhu 1.3.25-26:


ksantir avyartha-kalatvam viraktir mana-sunyata
asa-bandhah samutkantha nama-gane sada rucih

asaktis tad-gunakhyane pritis tad-vasati-sthale
ity adyo ‘nubhavah syur jata-bhavankure jane


(1) avyartha-kalatva, ele anseia por utilizar seu tempo no serviço a Krsna e não gosta de ficar ocioso; (2) ksanti, ele é sempre reservado e perseverante, apesar de eventuais causas para agitação; (3) virakti, é sempre desapegado de toda atração material, isto é, de todo objeto de desfrute sensorial; (4) nama-sunyata, não deseja nenhum nome ou respeito em troca de seu serviço; (5) asa-bandha, é certo da misericórdia do Senhor Krsna; (6) utkantha, está sempre muito ávido por servir fielmente o Senhor; (7) nama-gane sada ruci, tem forte gosto pelo cantar dos santos nomes do Senhor, em razão do que tem forte apego por eles; (8) asaktis tad-gunakhyane, está sempre ansioso por descrever as qualidades transcendentais do Senhor; (9) pritis tad-vasati-sthale, satisfaz-se imensamente vivendo em lugares dos passatempos do Senhor, como Mathura, Vrndavana ou Dvaraka.

A Natureza Constitucional de Bhava

No Bhakti-Rasamrta-Sindhu 1.3.1, declara-se:


suddha-sattva-visesatma prema-suryamsu-samyabhak
rucibhis-citta-masrinya- krd-asau bhava ucyate


“Quando o coração do devoto é infundido com o intenso desejo de obter os pés de lótus do Senhor, desejo este que amacia e derrete o coração; o que antes era sadhana-bhakti, passa a ser então bhava-bhakti, a qual é inteiramente espiritual (visuddha-sattva) e se compara a um raio do sol de prema-bhakti”.

Conclui-se, portanto, que bhava-bhakti, ou rati, é a aurora de prema, ou, em outras palavras, que prema, em seu estágio inicial, chama-se bhava. Neste estágio, por conseguinte, os oito sintomas extáticos conhecidos como asta-sattvika-vikara, como choro, arrepio dos pêlos corpóreos e assim por diante, começam a se manifestar debilmente. Enquanto medita nos pés de lótus do Senhor, o coração se derrete e lágrimas escorrem espontaneamente dos olhos. A descrição de tais êxtases se encontra nas escrituras tântricas Vaisnavas e nos Puranas – como cita, por exemplo, o Bhakti-Rasamrta-Sindhu 1.3.2-3* – escrituras estas que também confirmam que os sintomas extáticos de anubhava e sattvika, a se manifestarem em completa intensidade no estágio de prema, já se fazem visíveis, mesmo que timidamente, no estágio de bhava. Os Anubhavas e os Sattvika-Bhavas de Bhava-Bhakti As escrituras listam muitos sintomas externos de bhava sob o título de anubhava, isto é, as transformações corpóreas que expõem o que o devoto experiencia dentro de si. Os anubhavas totalizam treze variedades, e são apresentados da seguinte forma no Bhakti-Rasamrta-Sindhu 2.2.2:


nrtyam viluthitam gitam krosanam tanu-motanam
hunkaro jrmbhanam svasa- bhuma lokan apeksita
lala-sravo 'tta-hasas ca ghurna hikkadayo 'pi ca


(1) nrtyam, dança; (2) viluthitam, rolamento pelo chão empoeirado; (3) gitam, canto sonoro; (4) krosanam, irrupção de gritos e choro; (5) tanu-motanam, alongamento do corpo; (6) hunkaro, rugidos (7) jrmbhanam, bocejo; (8) svasa-bhuma, respiração pesada; (9) lokan apeksita, ignoração dos demais; (10) lala-srava, salivação; (11) atta-hasa, risos como de um louco; (12) ghurna, andar cambaleante acompanhado de giro da cabeça, e (13) hikka, eructação.

Como já mencionado, há oito sintomas extáticos chamados asta-sattvika-vikara, os quais são descritos no Bhakti-Rasamrta-Sindhu 2.3.16:


te stambha-sveda-romancah svara-bhedo 'tha vepathuh
vaivarnyam asru-pralaya ity astau sattvikah smrtah


(1) stambha, paralisação; (2) sveda, transpiração; (3) romanca, arrepio dos pêlos corpóreos; (4) svara-bheda, sufocamento da voz; (5) vepathu, tremor; (6) vaivarnya, empalidecimento; (7) asru, derramar de lágrimas, e (8) pralaya, desmaio.

De todos estes, a dança, o canto, o choro, o arrepio corpóreo e o embargo da voz são particularmente proeminentes no estágio de bhava, motivo pelo qual vemos que, neste verso, o melhor dos instrutores, Sri Krsna Caitanya, levou em conta especialmente esses sintomas. Ele ora: “Ó Krsna, Ó filho de Maharaja Nanda! Quando Meus olhos se decorarão com lágrimas de amor enquanto canto o Seu nome? Quando Minha voz se embargará com emoções extática? Quando o Meu corpo se arrepiará completamente? Ó Senhor, seja misericordioso de forma que tais sintomas extáticos possam o quanto antes decorar o Meu corpo durante o cantar de Seu nome!”.

Sri Caitanya-caritamrta, Antya 20.37:


prema dhana bina vyartha daridra jivana
dasa kari vetana more deha prema dhana


”Sem o tesouro do amor a Deus, a Minha vida é inútil. Portanto, oro que Você Me aceite como Seu servo e Me dê o salário do amor extático por Deus”.

Tradução de Bhagavan dasa (DvS), revisão de Prana-vallabha devi dasi (DvS) –
www.devocionais.xpg.com.br

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* tatha hi tantre
premnas tu prathamavastha bhava ity abhidhiyate
sattvikah svalpamatrah syur atrasru-pulakadayah


Declara-se no Tantra: O primeiro estágio de Prema se chama Bhava, no qual ocorrem manifestações parciais de lágrimas, arrepios corpóreos, palidez e outros sattika-bhavas.


sa yatha padma-purane
dhyayam dhyayam bhagavatah padambuja yugam tada
isad-vikriyamanatma sadrar-drsti-rabhudasau


Declara-se o seguinte no Padma-Purana: Então os olhos do rei Ambarisa encheram-se de lágrimas, estando ele parcialmente desconcertado em decorrência de meditar continuamente nos belíssimos pés de lótus do Senhor Hari.

O Sri Sri Siksastaka completo em pdf – com tradução dos versos, comentários de Srila Bhaktivinoda Thakura e Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati, seleção de versos Bhajana-rahasya de Srila Bhaktivinoda, áudio dos versos sânscritos e breve biografia dos comentadores e do autor – já se encontra disponível para download gratuito em www.devocionais.xpg.com.br!

Sri Sri Siksastaka

“O Senhor Caitanya Mahaprabhu instruiu Seus discípulos a escrevem livros sobre a ciência de Krsna, uma tarefa que Seus seguidores continuam a realizar até os dias atuais. As elaborações e exposições sobre a filosofia ensinada pelo Senhor Caitanya são, de fato, as mais volumosas, exatas e consistentes – isto devido ao sistema de sucessão discipular. Embora fosse amplamente conhecido como um erudito em Sua juventude, o Senhor Caitanya nos deixou apenas oito versos, chamados Siksastaka. Estes oitos versos revelam de forma concisa e clara os ensinamentos de Sri Caitanya Mahaprabhu, cuja essência é o cantar do santo nome”. – Srila Prabhupada

Sanmodana Bhasya

- O Comentário Outorgador de Grande Prazer -

“O Sanmodana-bhasya, ‘O Comentário Outorgador de Grande Prazer’, é um extenso comentário em sânscrito sobre os oito versos de instrução do Senhor Caitanya, chamados Sri Sri Siksastaka, o qual Srila Bhaktivinoda Thakura compôs no ano de 1886”. – Rupa Vilasa dasa

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Sri Sri Siksastaka

“O Senhor Caitanya Mahaprabhu instruiu Seus discípulos a escrevem livros
sobre a ciência de Krsna, uma tarefa que Seus seguidores continuam a
realizar até os dias atuais. As elaborações e exposições sobre a filosofia
ensinada pelo Senhor Caitanya são, de fato, as mais volumosas, exatas e
consistentes – isto devido ao sistema de sucessão discipular. Embora fosse
amplamente conhecido como um erudito em Sua juventude, o Senhor Caitanya nos
deixou apenas oito versos, chamados Siksastaka. Estes oitos versos revelam
de forma concisa e clara os ensinamentos de Sri Caitanya Mahaprabhu, cuja
essência é o cantar do santo nome”. – Srila Prabhupada

Sanmodana Bhasya

- O Comentário Outorgador de Grande Prazer -

“O Sanmodana-bhasya, ‘O Comentário Outorgador de Grande Prazer’, é um
extenso comentário em sânscrito sobre os oito versos de instrução do Senhor
Caitanya, chamados Sri Sri Siksastaka, o qual Srila Bhaktivinoda Thakura
compôs no ano de 1886”. – Rupa Vilasa dasa

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Siksastaka - Verso 7

yugayitam nimesena

caksusa pravrsayitam

sunyayitam jagat sarvam

govinda-virahena me

Ó Govinda, sentindo Tua separação, estou considerando um instante como um grande milênio. Lágrimas fluem de meus olhos como torrentes de chuva, e sinto que o mundo está vazio com Tua ausência.

COMENTÁRIO DE BHAKTIVINODA THAKURA: Quando bhava-bhakti, também chamada rati, alcança o estágio de constância (sthayi-bhava), esta se mistura com as outras quatro bhavas, a saber, vibhava, anubhava, sattvika-bhava e vyabhicari-bhava, e se transforma em bhakti-rasa, ou o humor espiritual do serviço devocional. Então os sintomas extáticos de anubhava e sattvika-vikara são completamente expressados.

No Bhakti-Rasamrita-Sindhu (1.4.1), Srila Rupa Gosvami define prema da seguinte maneira:

samyan masrinita-svanto mamattvatisayankitah
bhava sa eva sandratma budhaih prema nigadyate

“Aquela bhava-bhakti que afeta o coração mais intensamente do que afetava a princípio, tão intensamente a ponto de fazê-lo derreter-se em um bálsamo de amor, que traz para muito próximo os sentimentos mais elevados da bem-aventurança e que gera um sentimento muito intenso de posse (mamata) em relação a Krsna é conhecida pelos devotos perfeitos como prema”. A partir desta declaração, fica evidente que a atração extrema e a dedicação espontânea ao Senhor Krsna é sinônimo de prema.

A relação entre o objeto do amor (visaya) e aquele que ama (asraya), ou seja, a relação entre Krsna e o devoto, faz-se por meio das cinco rasas principais (mukhya-rasa) de neutralidade (santa-rasa), servidão (dasya-rasa), amizade (sakhya-rasa), disposição parental (vatsalya-rasa) e disposição de amor conjugal (madhurya-rasa), cada uma mais elevada do que aquela antecedente. Algumas vezes, as rasas principais perdem intensidade temporariamente, permitindo que as sete rasas secundárias (gauna-rasa) de risos (hasya), maravilhamento (adbhuta), piedade (karuna), bravura (vira), ira (raudra), medo (bhayanaka) e horror (bibhatsa) sejam saboreadas. Isto explica o Bhakti-Rasamrta-Sindhu 2.5.115-116:

mukhyas tu pancadha santah pritah preyas ca vatsalah
madhuras cety ami jneya yatha-purvam anuttamah

hasyo 'dbhutas tatha virah karuno raudra ity api
bhayanakah sa-bibhatsa iti gaunas ca saptadha

A Progressão até Maha-Bhava

Entre as rasas principais, a rasa conjugal (madhura) é a mais elevada. À proporção que madhurya-rasa se intensifica, ela manifesta todas as excelências de prema, que são pranaya, o amor no qual se evita respeito ou formalidade; mana, a ocultação do amor por meios tortuosos; sneha, o derretimento do coração; raga, apego; anuraga, apego maior; bhava, êxtase; e maha-bhava, o êxtase supremo.

No humor de neutralidade (santa-rasa), tudo o que há é uma sorte de afeição pelo Senhor marcada por grande alegria. Tal afeição tem como características proeminentes o apego ao Brahman e indiferença a tudo mais, inclusive às outras rasas.

Quando cresce a afeição possessiva, conhecida como mamata, a atração se fortalece ao ponto de servidão (dasya-rasa). Com o aparecimento de dasya-rasa, a afeição é intensificada tão fortemente que ela permanece inabalada mesmo caso o relacionamento seja seriamente testado com fortes motivos para o seu findar.

Quando a afeição pelo Senhor Supremo é fortificada por uma fé inabalável e por uma confiança igualmente inabalável, isso se chama pranaya, o que é a essência do humor de amizade (sakhya-rasa). Na circunstância de uma disposição pomposa e reverencial, entretanto, pranaya não se fará presente.

Com a intensificação da afeição, pranaya se desenvolve em um humor treloso e solerte, de sabor incomum e surpreendente, conhecido como mana. Neste humor, o ressentimento amoroso do devoto força até mesmo o Senhor Supremo a entrar em um acordo fazendo concessões, isso devido ao Seu desejo de desfrutar desta troca emotiva.

Aquela abundância de amor que derrete o coração tornando-o uma emoção líquida se chama sneha, e seu sintoma é o profuso derramar de lágrimas incontidas. Neste estágio de sneha, a ânsia do devoto por ver Krsna jamais se dá por satisfeita, e, embora o Senhor Krsna seja completamente competente, o devoto sente constante ansiedade diante do pensamento da possibilidade de algo poder perturbar o bem-estar de Krsna. Estes dois sintomas são observados no amor parental (vatsalya-rasa).

Quando sneha se contamina com um desejo intenso e ardente, o resultado se chama raga. No estágio de raga, mesmo um momento distante do objeto de amor é intolerável, ao passo que mesmo fontes de aflição tornam-se fontes de felicidade quando na companhia do amado.

Em raga, o objeto da adoração, Krsna, é levado a apreciar Sua própria forma eternamente jovem pelas observações dos devotos, em decorrência do que a própria raga se torna sempre jovem e perene e se transforma em anuraga, que se caracteriza pelo sobrepujamento mútuo do amante e do objeto do amor, tornando um obediente ao outro. Neste estágio, existe até mesmo o desejo de nascer como animais ou outras espécies inferiores a fim de desfrutar de um contato direto com Krsna, o que se chama prema-vaicitra, amor variado. Em anuraga, existe ainda o aspecto de que a separação de Krsna abençoa o devoto com numerosos êxtases, porque, muito embora separado de Krsna, o devoto começa a ver Krsna em toda parte, como se Ele estivesse bem ali, diante de seus olhos.

Quando anuraga é inundada pelo magnificente oceano do amor extático e o devoto se perde completamente na loucura transcendental, maha-bhava é auferida. Neste estágio; quando juntos, mesmo o piscar de uma pálpebra que impeça o devoto de ver o Senhor por menos de um segundo é intolerável. E, no êxtase da separação, um mero instante parece se estender por todo o sempre. Em maha-bhava, tanto no encontro como na saudade, todos os sintomas de sattvika-bhava, sancari-bhava e outros são manifestos em intensidade máxima. O Senhor Caitanya derrama um oceano de significados do cântaro que é este verso; para uma elaboração completa das diferentes gradações de amor extático aludidas aqui, é necessário consultar a obra Priti-Sandarbha, de Srila Jiva Gosvami.

O Sentimento de Separação

A palavra yugayitam é uma expressão de eternidade; o seguimento govinda-virahena transmite profundos sentimentos de separação (vipralambha). Os devotos rasikas plenamente conscientes de Krsna subdividem vipralambha em purva-raga (atração preliminar do amor em separação experimentada por amantes que ainda não se encontraram), mana (aparente ira que impede os amantes de se encontrarem) e pravasa (separação devido à distância) e assim por diante. Neste verso de número sete, Caitanya Mahaprabhu revela que o sadhaka residindo dentro deste mundo pode experimentar apenas o estágio purva-raga do êxtase vipralambha.

O Sri Ujjvala-nilamani (15.167) explica que o humor de separação (viraha) engendra dez condições na pessoa do devoto.

cintatra jagarodvegau tanavam malinangata

pralapo vyadhir unmado moha-mrityur dasa dasa

(1) cinta, ansiosa ponderação; (2) jagara, sonolência; (3) udvega, perturbação; (4) tanava, emaciação; (5) malinangata, empalidecimento; (6) pralapa, incoerência na fala; (7) vyadhi, embotamento; (8) unmada, loucura; (9) moha, ilusão, e (10) mrtyu, morte ou inconsciência.

Sri Caitanya-caritamrta, Antya 20.40-41:

udvege divasa na jaya, ksana haila yuga-sam
varsara megha-praya asru varse nayana

“Na Minha agitação, um dia jamais chega ao fim, pois todo instante parece um milênio. Derramando incessantes lágrimas, Meus olhos são como nuvens na estação chuvosa”.

govinda virahe sunya haila tribhuvana
tusanale pode-jena na jaya jivana

”Os três mundos se tornaram vazios devido à separação de Govinda. Sinto como se Eu estivesse queimando em um fogo que tarda em consumir”.

Tradução de Bhagavan dasa (DvS), revisão de Prana-vallabha devi dasi (DvS) –
www.devocionais.xpg.com.br

Siksastaka - Verso 8


aslisya va pada-ratam pinastu mam

adarsanan marma hatam karotu va

yatha tatha va vidadhatu lampato

mat-prana-nathas tu sa eva naparah


Que Krsna abrace com firmeza esta criada, a qual está caída a Seus pés de lótus, ou que Ele pise em mim ou despedace o meu coração evitando estar presente diante de mim. Ele é um libertino, afinal, e pode fazer o que bem entender. Entretanto, Ele sempre será o Senhor adorável de meu coração, incondicionalmente.

COMENTÁRIO DE BHAKTIVINODA THAKURA: A consciência do devoto que alcança a sublime plataforma de prema é descrita neste verso. “Aquele adúltero e liberto supremo, Krsna, pode conceder ilimitada bem-aventurança a esta serva rendida a Seus pés de lótus abraçando-a, ou Ele pode me conduzir às profundezas do mais excruciante desespero não ficando diante de mim. Ele pode Se comprazer fazendo qualquer coisa que queira comigo, até o extremo de desfrutar de outra de Suas amadas gopis bem na minha presença – Ele, contudo, permanece sempre o Senhor do meu coração, pois, para mim, jamais poderá haver outro alguém”.

O Srimad-Bhagavatam 1.29.34 fala sobre essa posição incomparável das almas completamente rendidas:


martyo yada tyakta-samasta-karma
niveditatma vicikirsito me
tadamrtatvam pratipadyamano
mayatma-bhuyaya ca kalpate vai


“Quando os seres vivos mortais finalmente decidem abandonar todas as atividades fruitivas e se rendem completamente a Mim, Eu reciproco dando-lhes o néctar da imortalidade, elevando-os à posição de Meus associados eternos”.

A conclusão é que, em krsna-prema, Krsna Se torna a vida, a alma e o mais precioso tesouro do devoto. Nesse estágio maduro de serviço devocional, as sublimes trocas amorosas de atração mútua entre o devoto e o Senhor florescerem plenamente.

Prema-dharma

Sri Prahlada Maharaja diz:


yatha bhramyaty ayo brahman svayam akarsa sannidhau
tatha me bhidyate cetas cakra paner yadrcchaya


“Assim como pedaços de ferro correm por sua própria volição, atraídos por um ímã; similarmente, pelo independente desejo do Senhor Supremo, o meu coração e minha mente desfizeram-se do apego pela vida material, e agora estou sendo forçadamente atraído por Seus pés de lótus, como se fossem um ímã”. –Srimad-Bhagavatam 7.5.14

Esta declaração demonstra a verdade referente ao laço eterno e natural (svabhavika-dharma) entre a jiva infinitesimal (anu-caitanya) e o infinito Senhor Supremo (vibhu-caitanya). Quando a jiva se torna indiferente ao Senhor, abandonando sua consciência de Krsna, esta relação é obscurecida. Porém, no momento em que, por boa fortuna, a consciência da entidade viva se purifica, a atração mútua, natural e eterna entre o Senhor e Sua parte e parcela é revivida, assim como um pedaço de ferro, quando limpo e brilhante, automaticamente se atrai por um ímã. Senão permitir essa relação eternamente estabelecida (purva-siddha), a auto-purificação religiosa não tem qualquer serventia. Portanto, o caminho da consciência de Krsna se chama prema-dharma, o dharma do serviço devocional amoroso, e os sadhakas do prema-dharma devem saber que, salvo e exceto prema, este caminho religioso é completamente destituído do desejo por qualquer outra coisa, como os resultados que podem advir de dharma, artha, kama e moksa.

O próprio Senhor Krsna substancia esta verdade:


na paraye 'ham niravadya-samyujam
svasadhu-krtyam vivudhayusapi vah
ya mabhajan durjara-geha-srnkhalah
samvrscya tad vah pratiyatu sadhuna


“Minhas queridas gopis! Desfazendo todos os apegos familiares em Meu favor, vocês obtiveram o que é muito raro mesmo para os grandes filósofos e iogues. Nosso encontro é completamente puro e imaculado. Se Eu tentasse pagar o que devo a vocês por seu amor, por sua devoção, por seu serviço e por sua renúncia; mesmo se Eu Me empenhasse com o Meu corpo imortal ao longo de toda a eternidade, Eu seria incapaz de fazê-lo. Estou obrigado a vocês vida após vida. Embora vocês possam Me considerar isento de qualquer dívida em virtude de sua brandura natural e de sua conduta amável, Eu, entretanto, sempre permanecerei seu devedor”. – Srimad-Bhagavatam (10.32.22)

Como indicado pela declaração de endividamente do Senhor para com as gopis, Krsna Se satisfaz verdadeiramente com o amor do devotos. Em outras palavras, aquele que deseja entrar na consciência de Krsna não deve ter qualquer interesse nos prazeres egoístas, ditos prazeres. O devoto serve Krsna, oferece sua afeição a Ele, encontra-se com Ele – tudo com o único propósito de satisfazer Krsna e ampliar o próprio serviço amoroso prestado a Ele.

O Senhor Caitanya Se vale neste verso das palavras marma-hatam, “despedaçamento do coração”; na verdade, todavia, o que o devoto sente quando separado de Krsna não é sofrimento, mas intenso regozijo. De sorte a confirmar este fato, o Senhor Krsna diz às gopis:

evam mad-arthojjhita-loka-veda

svanam hi vo mayy anuvrittaye 'balah
mayaparoksam bhajata tirohitam

masuyitum marhatha tat priyam priyah


“Em Meu favor, vocês desconsideraram tabus sociais, injunções Védicas e até mesmo cortaram conexão com seus membros familiares. Em tudo isso, sua meditação em Mim manteve-se indesviável. Vocês sequer se importaram com sua beleza ou com a felicidade nupcial. Então, para ampliar o seu amor por Mim, desapareci da visão de vocês. Por favor, não Me culpem por este ato de amor, porque vocês são extremamente queridas a Mim, assim como sou a vocês”.

Outro ponto importante a ser explicado neste verso é que, embora o Senhor Caitanya fale sobre “a agraciação de bem-aventurança por meio de Seu abraço amoroso”, não há qualquer traço de auto-satisfação; mesmo aqui, o único pensamento é o pensamento de amar Krsna dando a si próprio a Ele para o prazer dEle. Este verso do Senhor Caitanya exemplifica as verdadeiras emoções do amor puro, logo esta declaração referente ao abraço está em completa conformidade com a natureza de prema e com as conclusões escriturais referentes à mesma.

O Sri Sri Siksastaka e o Senhor Caitanya Mahaprabhu

Os oito versos do Siksastaka são preeminentemente significativos. O Senhor Krsna desejou saber: “Quão grandioso é o amor transcendental de Srimati Radharani por Mim, sendo Ela Minha potência espiritual interna (svarupa-sakti)? Como unicamente Ela desfruta por completo de Minhas qualidades através de tal amor? Como é a ilimitada felicidade que Ela experimenta quando prova profundamente a doçura de Meu amor por Ela?”. Ansiando pelas respostas a estas três questões, o Supremo Senhor Sri Krsna revelou Sua forma eterna como Sri Caitanya Mahaprabhu, a personificação da magnanimidade (audarya) em sua plenitude. Sri Caitanya entrega-Se à experiência da profundidade dos três estados misteriosos do amor de Radharani enquanto realiza passatempos vários em uma região exclusiva de Goloka conhecida como Sri Navadvipa-dhama.

Adornado com os sentimentos extáticos e a compleição luzidia de Sri Radhika, Krsna, como Sri Caitanya Mahaprabhu, aparece nesta Terra uma vez em cada dia de Brahma. Seu advento mais recente ao plano mortal ocorreu no de 1486 da era cristã, na Bengala Ocidental, distrito de Nadia, onde as águas divinas da mãe Ganga purificam a cidade de Navadvipa, a qual não é diferente de Vrndavana.

Seu nascimento ocorreu durante um eclipse lunar completo na noite de lua cheia do mês de phalguna (fevereiro-março), quando toda a cidade de Navadvipa reverberava com o cantar do nome do Senhor Hari, o procedimento costumeiro durante um eclipse lunar. O pandita de nome Jagannatha Misra e Srimati Sacidevi foram quem o Senhor aceitou como Seu pai e Sua mãe.

Sua infância foi repleta de travessuras e eventuais feitos miraculosos; Sua meninice foi dedicada aos estudos; o Seu casamento, ainda na juventude, deu-se estritamente de acordo com a cultura Védica, tão exemplarmente como seria em seguida Sua observação dos deveres da vida familiar (grhastha-asrama). Casado, viajou para Gaya e aceitou iniciação no decassílabo mantra Gopala, a qual recebeu de Sripada Isvara Puri, um grande mestre espiritual na sucessão discipular (sampradaya) de Madhva. Por meio de Sua iniciação, Ele ensinou a todas as entidades vivas seu dever de refugiarem-se nos pés de lótus de um mestre espiritual auto-realizado, como indicam as escrituras. Após Seu retorno de Gaya, Ele executou o canto congregacional do santo nome de Deus com Seus associados e devotos, inundando a Bengala com o néctar do serviço devocional.

Com a idade de vinte e quatro anos, Ele recebeu iniciação sannyasa de Sripada Kesava Bharati, da sucessão discipular de Sankara, e findou de bom grado Sua vida doméstica e os laços da vida familiar. Durante os próximos seis anos, dedicou-Se a peregrinar pela Bengala, pela Orissa, sul da Índia, Maharastra, Uttar Pradesh (Mathura, Vrndavana, Prayag, Kasi) e Bihar (Kaukai, Natsala, Rajmahal).

Em Suas viagens, abençoou milhões de almas condicionadas dando-lhes o santo nome de Krsna e ensinando a elas a ciência da devoção pura. Ele refutou toda especulação filosófica contrária às conclusões das escrituras autorizadas e estabeleceu firmemente a filosofia de acintya-bheda-abheda-tattva, a qual Ele pessoalmente ensinou pela primeira vez como a essência dos ensinamentos das outras quatro escolas de filosofia Vaisnava.

Pelos próximos dezoito anos, Ele aceitou Sri Jagannatha Puri como Sua residência. Lá, na companhia de Seus associados íntimos, Ele desfrutou do néctar do amor a Deus, experimentando plenamente as respostas aos Seus três questionamentos. De entre Seus seguidores, Ele enviou poderosos pregadores a muitas diferentes localidades, de modo que estes conduzissem as almas condicionadas no caminho do serviço devocional puro ao Senhor Supremo. Deste modo, Ele inundou toda a Índia com as ondas de krsna-prema.

Caitanya Mahaprabhu também requisitou muitos associados íntimos, como Sri Svarupa Damodara, Sri Ramananda Raya, Sri Prabhodananda Sarasvati, Sri Rupa Gosvami, Sri Sanatana Gosvami, Sri Raghunatha dasa Gosvami, Sri Gopal Bhatta Gosvami, Sri Jiva Gosvami, Sri Kavi Karnapura e outros, a escreverem livros estabelecendo Seus ensinamentos, para o que impregnou seus corações com Sua potência divina.

Foi Ele, entretanto, quem pessoalmente condensou nestes oito versos de nome Siksastaka todos os ensinamentos, versos estes que abarcam e tocam todos os níveis de devotos. Por repetidas vezes o Senhor Se imergia no néctar do Siksastaka, saboreando suas conclusões na companhia de Srila Svarupa Damorada e Sri Ramananda Raya. Posteriormente, estes versos foram explicados em importantes escrituras, como o Sri Caitanya-caritamrta.

Destarte, mediante Seu próprio exemplo, o Senhor Caitanya ensinou tanto a maneira de se conduzir uma vida familiar ideal quanto a forma com que se dá idealmente a vida de renúncia estrita. Estes ensinamentos também estão inteiramente contidos nestes oito versos, visto que o conteúdo dos mesmos é ilimitado e sobreexcelente.

Palavras de Encerramento

As almas rendidas que lerem com grande devoção este nectáreo Siksastaka, emanado da boca do Senhor Gauranga, certamente se atrairão pelo mel dos pés de lótus do Senhor Caitanya, Ele cuja compleição dourada é belíssima. Como abelhas espiritualmente intoxicadas, enxamearão o lago do amor a Krsna, o qual é repleto de lírios.

Quatrocentos e um anos depois do aparecimento do Senhor Gauranga, o comentário conhecido como Sri Sanmodana Basya foi composto por mim, Kedaranatha Bhaktivinoda. O Sri Sri Siksastaka é a oração a destilar a essência de todas as escrituras Védicas para o saborear dos devotos rasikas, os devotos puros. Tendo emanado dos lábios do próprio Senhor Supremo, esta oração é a verdade absoluta, e deve ser lida, recitada e adorada diariamente pelas almas sinceras e afortunadas, deve ser a companhia constante, e deve ser aprendida e carregada no íntimo do coração.

Sri Caitanya-caritamrta, Antya 20.48-52:


“ami — krsna-pada-dasi, tenho — rasa-sukha-rasi,

alingiya kare atma-satha

kiba na deya darasana, jarena mora tanu-mana,

tabu tenho — mora prana-natha


”Sou uma criada dos pés de lótus de Krsna, Ele que é a corporificação da felicidade e das variedades amorosas transcendentais. Caso queira, Ele pode abraçar-Me apertadamente, fazendo com que Eu Me sinta una com Ele, ou, não Me concedendo Sua audiência, Ele pode corroer Minha mente e Meu corpo até a destruição. Independente de qualquer coisa, é Ele quem é o Senhor de Minha vida”.


sakhi he, suna mora manera niscaya

kiba anuraga kare, kiba duhkha diya mare,

mora pranesvara krsna — anya naya


“Minha querida amiga, apenas escute a decisão de Minha mente. Krsna é o Senhor de Minha vida sob todas as condições, quer Ele Me mostre afeição, quer coloque fim em Minha vida dando-Me a infelicidade”.


chadi' anya nari-gana, mora vasa tanu-mana,

mora saubhagya prakata kariya

ta-sabare deya pida, ama-sane kare krida,

sei nari-gane dekhana


“Algumas vezes, Krsna abandona a companhia de outras gopis e torna-Se controlado, em corpo e mente, por Mim. Desta maneira, Ele manifesta a Minha boa fortuna e aflige outras moças com a execução de Suas ocupações amorosas coMigo”.


kiba tenho lampata, satha, dhrsta, sakapata,

anya nari-gana kari’ satha

more dite manah-pida, mora age kare krida,

tabu tenho — mora prana-natha


“Ou, uma vez que Ele é, afinal, um libertino obstinado e astuto – com toda a propensão a trair e enganar –, Ele Se dá à companhia de outras mulheres. Ele então Se ocupa em casos amorosos com elas diante de Mim a fim de angustiar a Minha mente. Independente de qualquer coisa, Ele continua sendo o Senhor de Minha vida”.


na gani apana-duhkha, sabe vanchi tanra sukha,

tanra sukha — amara tatparya

more yadi diya duhkha, tanra haila maha-sukha,

sei duhkha — mora sukha-varya


“Não Me interessa a Minha aflição pessoal. Tudo o que quero é a felicidade de Krsna, pois a Sua felicidade é a meta da Minha vida. Contudo, caso Ele sinta grande felicidade fazendo-Me sofrer, tal sofrimento é o máximo de Minha felicidade”.

Sobre o Autor

Sri Caitanya Mahaprabhu apareceu no ano de 1486 em Navadvipa, Bengala, como filho de Jagannatha Misra e Srimati Sacidevi. Dos astrólogos, recebeu o nome de Visvambhara, o mantenedor do universo, e foi apelidado de Nimai em razão de ter nascido sob uma árvore de nim. Foi predito que Ele possuiria qualidades extraordinárias e que liberaria as pessoas do mundo material.

Quando criança, o único modo encontrado por Seus pais para que parasse de chorar era cantando os santos nomes. Assim, desde o começo, Ele induziu as pessoas a cantarem os santos nomes de Deus.

Sri Caitanya estudou as escrituras sob a orientação de um guru e logo Se tornou perito em sânscrito e lógica. Quando ainda um garotinho, adquiriu formidável reputação como vedantista e especialista em lógica, chegando a derrotar Kesava Kasmir, um brahmana temido por todos como digvijayi, o inconquistável.

Após a morte de Seu pai, Sri Caitanya foi para Gaya, onde recebeu iniciação espiritual de Isvara Puri. A partir de então, absorveu-Se completamente no serviço devocional; dançando e cantando constantemente os nomes do Senhor Krsna em intenso êxtase amoroso. Uma vez de volta a Navadvipa, passou a cantar os nomes do Senhor com Seus seguidores, estabelecendo dessa forma o movimento de sankirtana.

O movimento de sankirtana então começou a crescer pela região. Não fazendo distinção entre casta ou credo, ricos ou pobres; Caitanya Mahaprabhu distribuiu o cantar dos santos nomes do Senhor, o processo através do qual todos podem obter amor puro por Deus.

Aos 24 anos de idade, recebeu sannyasa de Kesava Bharati e o nome Krsna Caitanya. Passou quatro anos viajando pelo sul da Índia, Vrndavana e Varanasi, estabelecendo-Se, por fim, em Jagannatha Puri, onde Se absorveu na devoção extática a Krsna no humor devocional de Srimati Radharani.

Caitanya Mahaprabhu muito enfatizou que todos podem se tornar devotos. Ele costumava glorificar Haridasa Thakura, nascido em família de muçulmanos, que cantava diariamente 300.000 vezes o nome do Senhor. Ele provou que qualquer entidade vida, seja ela um brahmana erudito, um sudra caído, um criminoso ou mesmo um animal, pode se elevar espiritualmente por meio do cantar ou do ouvir dos nomes do Senhor. Desta forma, Ele expôs que o amor a Deus é uma qualidade intrínseca à alma espiritual e que pode ser facilmente desperto de seu estado dormente por meio do processo do cantar.

Os seguidores imediatos de Caitanya Mahaprabhu, principalmente os seis Gosvamis, escreveram muitos livros com base nas instruções pessoalmente dadas por Caitanya Mahaprabhu; tais livros demonstram objetivamente que prema-bhakti, o serviço devocional puro a Krsna, é a meta última dos Vedas. Krsnadasa Kaviraja Gosvami e Vrndavana Dasa Thakura escreveram as biografias autorizadas de Sri Krsna Caitanya de nome Sri Caitanya-caritamrta e Sri Caitanya Bhagavata.

Conquanto tenha inspirado Seus seguidores a escreverem prolificamente, Caitanya Mahaprabhu deixou a essência de Seus ensinamentos em apenas oito versos chamados Siksastaka. Cada um destes versos é uma pérola de sabedoria espiritual, os quais, se compreendidos apropriadamente sob a orientação de um instrutor qualificado, podem rapidamente elevar o estudante do plano mundano do materialismo para a plataforma mais elevada de devoção. Além destes oito versos, Caitanya Mahaprabhu viveu uma vida exemplar para ser a vida modelo de todas as pessoas de Kali-yuga que desejam sinceramente voltar ao lar, voltar ao Supremo.

Caitanya Mahaprabhu é reconhecido como o próprio Senhor Krsna, a Suprema Personalidade de Deus. Ele apareceu no humor de Sua maior devota, Srimati Radharani, tanto para nos ensinar o amor a Deus quanto para pessoalmente provar o que sentem os Seus devotos quando eles O servem e adoram.

Sri Caitanya desapareceu deste mundo no ano de 1534, tendo nele permanecido por 48 anos.

Sobre o Comentador

Srila Bhaktivinoda Thakura, nascido no ano de 1838, em Birnagar, Bengala Ocidental, como Kedaranatha Datta, é um proeminente preceptor acarya da sucessão discipular que começa com o próprio Krsna e a que pertence a ISKCON.

Foi ele um líder espiritual pioneiro, um chefe de família, um magistrado trabalhando na Índia colonial sob o regime britânico, um prolífico pregador, escritor e poeta. Bhaktivinoda Thakura escreveu muitos livros de poesia e filosofia, como o Saranagati e o Jaiva Dharma, e comentou obras clássicas, como o Bhagavad-gita e o Caitanya-caritamrta, reentroduzindo assim os ensinamentos puros do Senhor Caitanya em um contexto histórico no qual esses ensinamentos estavam praticamente perdidos.

Correspondeu-se com filósofos, teólogos, líderes políticos, estudiosos em geral e professores de seu tempo, e enviou livros, como sua obra A Vida e os Preceitos do Senhor Caitanya, para bibliotecas universitárias de países estrangeiros, plantando a semente de um movimento consciente de Krsna mundial.

Foi Bhaktivinoda Thakura aquele a redescobrir e escavar o local do nascimento do Senhor Caitanya. Posteriormente, enquanto olhava da janela de sua casa para o local do nascimento de Sua Onipotência, ele teve a visão de que pessoas de todas as nações logo se reuniriam harmoniosamente para cantar os bem-aventurados nomes de Krsna, o que se concretizou poucos anos mais tarde em decorrência do empenho de seu discípulo-bisneto A.C. Bhaktivedanta Svami Prabhupada.

Juntamente com sua devotada esposa, Bhagavati Devi, ele criou dez filho, dentre os quais se destaca o ilustre Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura, que se tornaria um grande líder espiritual em seu tempo e o mestre espiritual do acarya fundador da ISKCON, Srila Prabhupada. Bhaktivinoda Thakura deixou este mundo no ano de 1914.

Tradução de Bhagavan dasa (DvS), revisão de Prana-vallabha devi dasi (DvS)






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jueves 11 de marzo de 2010

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