Sri Sri Siksastaka
De: "Giridhari Das"
Fecha: Thu, 21 Jan 2010 06:38:59 -0200
Local: Jue 21 ene 2010 10:38
Asunto: Sanmodana Bhasya - Verso 3
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Giridhari Das
Vrindávana 2010
“O Senhor Caitanya Mahaprabhu instruiu Seus discípulos a escrevem livros sobre a ciéncia de Krsna, uma tarefa que Seus seguidores continuam a realizar até os dias atuais. As elaborações e exposições sobre a filosofia ensinada pelo Senhor Caitanya são, de fato, as mais volumosas, exatas e consistentes – isto devido ao sistema de sucessão discipular. Embora fosse amplamente conhecido como um erudito em Sua juventude, o Senhor Caitanya nos deixou apenas oito versos, chamados Siksastaka. Estes oitos versos revelam de forma concisa e clara os ensinamentos de Sri Caitanya Mahaprabhu, cuja esséncia é o cantar do santo nome”. – Srila Prabhupada Sanmodana Bhasya - O Comentário Outorgador de Grande Prazer -
“O Sanmodana-bhasya, ‘O Comentário Outorgador de Grande Prazer’, é um extenso comentário em sânscrito sobre os oito versos de instrução do Senhor Caitanya, chamados Sri Sri Siksastaka, o qual Srila Bhaktivinoda Thakura compuso en el ano de 1886”. – Rupa Vilasa dasa
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Siksastaka - Verso 3
trnad api sunicena
taror api sahisnuna
amanina manadena
kirtaniyah sada hari
O santo nome do Senhor deve ser cantado em um estado de espírito humilde, considerando-se inferior a palha na rua; deve-se ser mais tolerante do que uma árvore, destituído de todo sentido de falso prestígio, e deve-se estar pronto para oferecer todo o respeito aos outros. Em tal estado de espírito, o santo nome do Senhor pode ser cantado constantemente.
COMENTÁRIO DE BHAKTIVINODA THAKURA: O devoto que canta o nome sem cometer ofensas é adornado por quatro qualidades muitíssimo especiais. Elas são: Uma brandura humilde decorrente do completo desapego da matéria, compaixão pura e destituída de inveja, um coração imaculado e livre do desejo por prestígio, e uma atitude respeitosa apropriada para com todos.
(1) Trnad api sunicena (mais humilde do que a palha)
Quando o santo nome, a completa corporificação das rasas transcendentais (aprakrta-cin-maya-rasa), aparece no coração do devoto praticante (sadhaka), sua atitude mental é transformada. Ele pensa: “Sou constitucionalmente uma consciéncia infinitesimal (anu-caitanya) e um servo do Senhor Krsna. Eu não tenho qualquer necessidade associada a vida materialista e a objetos materiais. Entretanto, ai de mim, devido a minha alienação dos pés de lótus de Krsna, encontro-me em minha presente condição lastimável. Preso na atormentadora roda de nascimentos e mortes, sofro misérias inimagináveis”.
O sadhaka humildemente adota yukta-vairagya, a renúncia na forma da ocupação ativa dos sentidos a serviço do Senhor. “Agora, pela graça de meu mestre espiritual e dos Vaisnavas, compreendi que somente por meio do serviço devocional ao Senhor Supremo posso eu encontrar alívio para as aflições da existéncia material, reintegrar-me em minha posição constitutiva, reaver a minha identidade espiritual (svarupa) e obter o amor a Deus (bhagavat-prema)”.
“Entretanto, enquanto não me livro das correntes do condicionamento material, sou obrigado a adotar o caminho de yukta-vairagya. Enquanto cultivo sambandha-jnana, aceitarei da matéria somente as necessidades mínimas necessárias para manter o corpo e a alma juntos”.
”Tanto os sofrimentos oriundos de pobreza, doença, calamidade e velhice quanto a felicidade causada por riquezas, saúde, beleza e educação são reações manifestas de atividades passadas (prarabdha-karma). Em todo caso, perda e ganho, nascimento e morte, sofrimento e regozijo são deixados para trás quando ascendemos a realidade espiritual, logo esses assuntos mundanos são irrelevantes. Pensando desta maneira, irei me aproximar de Krsna com infinita humildade e orarei: ‘Ó Krsna, Ó Govinda, Ó Senhor da minha vida! Quando serei ocupado em Seu serviço divino? Por favor, seja misericordioso para com esta criatura baixa e aceite-a sem demora como Seu servo’. Nesta disposição, eu posso tanto renunciar minha família quanto permanecer em casa
vivendo sobriamente. Isso não importa, pois, pela graça de Krsna, manterei de alguma forma a minha vida”.
“Uma palha morta na rua é simplesmente matéria, o seu ego ou sua identidade naturalmente corresponde a sua existencial fatual, pois uma palha é meramente uma palha. O meu ego presente, contudo, é falso (ahankara), constituído de coberturas grosseira e sutil; ele não corresponde ao meu eu original. Porque o ego (abhiman) da palha é fatual e o meu ego material é irreal, a única medida que me é apropriada é tornar-me mais humilde do que a palha na rua”.
(2) Taror api sahisnuna (mais tolerante do que uma árvore)
O significado da expressão taror api sahisnuna, “mais tolerante do que uma árvore”, é o seguinte: A árvore é tão tolerante que é incapaz de deixar de oferecer sua sombra refrescante e seus frutos suculentos mesmo a pessoa que vai cortá-la. O devoto do Senhor Krsna é ainda mais bondoso porque ele sente compaixão por todos, benquerentes e inimigos, desejando-lhes somente o melhor.
Aquele que canta o santo nome sem ofensas é tomado de pensamentos relativos ao bem-estar dos demais. Ele pensa: “Ó Senhor, meus amigos, companheiros e outras entidades vivas, que se incluem todos no grupo de almas condicionadas, são muitíssimo desafortunados. Como eles poderão possivelmente desenvolver amor e atração pelo cantar de Seu nome todo-auspicioso? Eles estão mergulhados no pântano dos apegos familiares, riquezas e propriedades; vitória e derrota; sucesso e revés; perda e ganho; alegrias e sofrimentos; nascimento e morte, etc. – tudo em razão de estarem cegos pela energia ilusória (maya)”.
“E não vejo sequer o menor sinal de que estejam desgostosos com essa existéncia material fútil, repleta de coisas indesejadas (anarthas). Eles estão sendo lentamente estrangulados pela forca de seus próprios ilimitados desejos por gratificação sensorial, e dedicam seu precioso tempo ocupando-se nos assuntos inúteis de karma e jnana, isto é, a busca pela felicidade momentânea do desfrute material disponível neste mundo e nos planetas celestiais (karma) e a busca pela liberação do sofrimento que, por fim, vem da busca pelo prazer egoísta (jnana). Como essas pessoas podem ser motivadas a se interessarem em conhecer o seu eu verdadeiro (atma-svarupa)?”.
Enquanto suplica ao Senhor desta maneira, o coração do devoto transborda emoções espirituais. Ele canta alto:
harer nama harer nama hare namaiva kevalam
kalau nasty eva nasty eva nasty eva gatir anyatha
“Nesta era de Kali, não há outra maneira, não há outra maneira, não há outra maneira, senão cantar o santo nome, cantar o santo nome, cantar o santo nome”.
(3) Amani (destituído de todo sentido de falso prestígio)
A palavra amani revela a terceira qualidade do devoto cujo cantar é decorado pela inofensividade: Seu coração é impecavelmente livre do falso ego e do falso prestígio.
As falsas designações dos corpos grosseiro e sutil da jiva surgem da ignorância. Poderes de yoga mística, opuléncia, boa aparéncia, nascimento elevado, força, status social, influéncia e assim por diante são aspectos de seu falso ego (ahankara). Tudo isso não apenas é incompatível com sua identidade espiritual verdadeira, como é completamente externo e falso.
Possuir um coração imaculado, destituído de falso ego e prestígio, significa especificamente que o devoto distancia-se completamente de todas as designações irreais (mithya-abhimana-sunyata). O que dizer, entretanto, do orgulho que talvez advenha da subjugação das designações falsas? A resposta é que, a despeito de ser altamente respeitado, o devoto que demonstra tolerância, humildade e um coração puro é um candidato digno do cantar puro, pois ele se precaverá de modo a não se tornar orgulhoso por ser honrado como brahmana, caso seja chefe de família; ou como sannyasi, caso seja renunciante – ele se concentra exclusivamente nos pés de lótus do Senhor Krsna e canta Seu santo nome.
(4) Manada (pronto para oferecer todo respeito aos outros).
A palavra manada significa oferecer todo respeito aos demais de acordo com a posição individual de cada um, o que é o quarto sintoma de um devoto que canta o santo nome sem ofensas. Visto que ele compreende que todas as entidades vivas são servos eternos de Krsna, ele jamais adota uma postura de malícia ou vingança para com alguém; ao contrário, ele agrada todos com palavras doces e sublimes e com atos exemplares, os quais visam o bem do mundo inteiro. Ele oferece respeito a personalidades distintas, como os brahmanas eruditos; a Brahma, Siva e outros semideuses elevados, ele oferece
reveréncias com absoluta humildade, pedindo em oração que aumentem sua devoção pelo Senhor Krsna; e a Vaisnavas elevados e a devotos puros, ele oferece serviço de todo o seu coração.
Conclusão
O cantar do santo nome que é felicitado com as quatro qualidades mencionadas acima é o sucesso mais elevada da vida humana. Esta é a declaração do Senhor Caitanya Mahaprabhu, o mais magnânimo avatara e o salvador das almas caídas da era de Kali.
Sri Caitanya-caritamrta, Antya 20.22-26:
uttama hana apanake mane trinadhama
dui-prakare sahishnuta kare vriksha-sama
“Estes são os sintomas de alguém que canta o maha-mantra Hare Krsna. Embora ele seja muito elevado, ele se considera mais baixo do que a palha no chão; e, como uma árvore, ele tolera tudo de duas maneiras”.
vriksha yena katileha kichu na bolaya
shukana maileha kare pani na magaya
“Quando uma árvore é cortada, ela não protesta, e, mesmo enquanto seca, ela não solicita água a ninguém”.
yei ye magaye, tare deya apana-dhana
gharma-vrishti sahe, anera karaye rakshana
“A árvore dá seus frutos, flores e tudo mais que possui a todos e qualquer um. Ela tolera calores escaldantes e torrentes de chuva, e, ainda assim, concede refúgio a outros”.
uttana hana vaishnava habe nirabhimana
jive sammana dibe jani' 'krishna'-adhishthana
“Embora um Vaisnava seja a personalidade mais elevada, ele é destituído de orgulho e demonstra todo respeito aos outros, sabendo que todos são a residéncia de Krsna”.
ei-mata hana yei krishna-nama laya
shri-krishna-carane tanra upajaya
“Se alguém cantar o santo nome do Senhor Krsna com esta disposição, ele certamente despertará seu amor dormente pelos pés de lótus de Krsna”.
Tradução de Bhagavan dasa (DvS) – http://www.devocionais.xpg.com.br
Lançamento do Livro Yoga Sutra
Galería pública de Giridhari Das Álbumes (50)